Cuiabá, 05 de Maio de 2024

JUDICIÁRIO Segunda-feira, 01 de Abril de 2024, 12:59 - A | A

01 de Abril de 2024, 12h:59 - A | A

JUDICIÁRIO / RECURSO NEGADO

TJ mantém júri popular para policial civil que matou PM durante discussão em Cuiabá

Crime ocorreu em abril do ano passado dentro da conveniência de um posto de combustíveis, no bairro Popular.

Ari Miranda
Única News



Em decisão relatada pelo desembargador Rui Ramos Ribeiro, a Segunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) negou recurso, por unanimidade, e manteve a decisão de pronunciar a júri popular o investigador de Polícia Civil Mário Wilson Vieira da Silva Gonçalves, preso em abril do ano passado pelo homicídio do policial militar Thiago de Souza Ruiz.

O crime ocorreu por volta das 3h da madrugada de 27 de abril de 2023, dentro da conveniência de um posto de combustíveis no bairro Popular, em Cuiabá, após uma discussão entre os dois agentes da segurança pública.

A defesa do investigador buscava sua absolvição sumária, argumentando que Mário Wilson agiu em legítima defesa. No entanto, os desembargadores da Corte Estadual decidiram que não haviam fundamentos para absolvição do indiciado.

A decisão destacou que seria necessário que o juiz se convencesse, sem dúvida alguma, da inexistência do crime ou de não ser o policial civil não ter participado da ação.

Contudo, conforme a denúncia, a discussão entre o Mário e Thiago ocorreu após o policial civil duvidar que a vítima era policial militar e tomar o revolver da vítima, após o PM tentar mostrar uma cicatriz proveniente de uma ocorrência policial.

Após o fato, os dois entraram em luta corporal, momento em que Mário Wilson atirou diversas vezes contra o policial militar, que tentou correr do investigador e foi acertado por pelo menos 10 tiros, refutando a tese de legítima defesa.

“Todas as atendentes do estabelecimento mencionaram que [a vítima] Thiago estava o tempo todo tranquilo, até o momento em que tentou reaver sua arma que estava na posse de Mário Wilson”, destaca trecho da decisão.

“Thiago tentou fugir de Mário Wilson após ser atingido pelo primeiro disparo, não tendo oportunidade de escapar, pois foi atingido por diversas vezes”, ressaltou o desembargador Rui Ramos.

Além disso, a defesa disse na ação que o policial civil teria desconfiado da índole do PM após avistar vestígios de cocaína espalhados no local do crime e no nariz da vítima, fato que não foi confirmado pela perícia.

“Sobre a tese defensiva de que Mário Wilson ficou desconfiado porque teria visualizado vestígios de cocaína em Thiago, entorpecente esse também mencionado pela testemunha G., delegado de polícia, onde afirma que estavam espalhadas no local do crime, não encontro nenhuma referência relativa à mencionada droga no termo de exibição e apreensão (...), nem no memorial fotográfico encontro qualquer traço de invólucro, tampouco no laudo pericial da cena do crime”, enfatizou o desembargador.

“Diante do exposto, (...) julgo admissível a pretensão punitiva deduzida na denúncia para PRONUNCIAR o acusado MÁRIO WILSON VIEIRA DA SILVA GONÇALVES, já devidamente qualificado nos autos, pela prática do crime”, decidiu o relator

Reprodução/Montagem

 Mario Wilson Vieira

O policial civil Mario Wilson.

O CRIME

Segundo as investigações, na madrugada de 27 de abril, o policial Civil Mario Wilson foi até a conveniência do posto, no bairro Popular, em companhia de outro amigo. No estabelecimento, eles encontraram Thiago, que também estava com um colega, porém o PM não conhecia o investigador.

O amigo de Mario percebeu que o investigador e o cabo da PM teriam se "estranhado", destacando que o investigador estava desconfiado se Thiago era realmente policial militar.

Ambos acabaram se reunindo com os demais colegas para tomarem uma cerveja. Durante a conversa, Thiago e Mario contavam algumas histórias das suas carreiras policiais e fizeram questionamentos um para o outro.

Outra testemunha relatou que Thiago e Mario estavam conversando sobre situações de confronto em suas profissões, quando Mario afirmou que "em situação de confronto, passaria por cima de qualquer um e não consideraria amizade".

Após uma das histórias, Thiago levantou a camisa e disse: "inclusive eu tenho uma cicatriz aqui", e apontou para um ferimento antigo, próximo à axila.

Ao levantar a camisa, Mário então viu a arma de Thiago na cintura. Imediatamente, o policial civil tomou a arma da vítima e disse iria “chamar a Polícia Militar para averiguar a arma".

Consta no documento que o investigador desconfiava que a arma seria ilegal. Os dois então entraram em luta corporal, momento em que Mário conseguiu se desvencilhar de Thiago, que acabou atingido pelo policial civil com aproximadamente nove disparos.

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