Christinny dos Santos
Única News
Mato Grosso é o estado com mais casos de Hanseníase em todo o Brasil. Os dados mais recentes do Ministério da Saúde apontam que, somente em 2023, foram registrados 4,6 mil novos casos da doença em MT, que se sobressai no quesito de detecção desde 2016. O estado também se destaca negativamente neste ranking quando se trata de índice de cura, figurando como segundo menor do país.
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica que causa, sobretudo, lesões de pele e danos aos nervos. Ela acomete pessoas de ambos os sexos e de qualquer idade e utem m alto poder de gerar deficiências físicas que se configura como responsável pelo estigma e discriminação às pessoas acometidas pela doença. Apesar de agressiva, ela é curável, especialmente quando o tratamento é realizado com diagnóstico precoce.
O Boletim Epidemiológico, publicado pelo Ministério da Saúde em janeiro deste ano, aponta o Brasil como o 2º país do mundo que mais registra novos casos de Hanseníase. As regiões Centro-Oeste e Norte foram as que apresentaram maiores taxas de detecção durante toda a série histórica dos últimos 10 anos.
Não só entre as duas regiões como em todo o país, em 2023, Mato Grosso é o estado com maior taxa de detecção do país, sendo 129,65 novos casos a cada 100 mil habitantes. Logo depois de MT está Tocantins, com 63,15, metade dos casos registrados no estado da região Centro-Oeste.
Conforme o boletim, os dados apresentados indicam que a taxa de detecção de Mato Grosso está no parâmetro "hiperendêmicos”, com 85 municípios também considerados "hiperendêmicos” devido a própria taxa de novos casos da doença. O estado é aquele com mais municípios neste parâmetro.
As altas taxas de detecção são consideradas preocupantes, mas também podem ser um fator positivo se as cada pessoa diagnosticada seguir com o tratamento da doença. O quadro, porém, não parece favorável, uma vez que o estado apresenta o terceiro maior percentual de abando de tratamento do país, com taxa de 12,4%, perdendo apenas para Rio Grande do Sul (22,1%) e Distrito Federal (16,3%).
O que pode estar relacionado também ao baixíssimo percentual de cura dos casos diagnosticados. Em apenas 69,7% dos casos, há registro médico de cura da doença no estado, segundo boletim epidemiológico. Qualquer percentual abaixo de 75% é considerado precário.
Um projeto da Frente Parlamentar de Enfrentamento à Hanseníase, iniciativa liderada pelo deputado estadual e médico nefrologista, Dr. João (MDB), pretende transformar o estado em modelo de combate e tratamento eficaz. O movimento surge com três eixos prioritários: pesquisa científica inédita, atualização de tratamentos e campanhas massivas de conscientização.
"Já que somos campeões em casos, vamos ser o estado modelo que vai fazer pesquisa a fundo e encampar esta batalha", declarou Dr. João, anunciando a criação imediata de um grupo de trabalho.
Também idealizador da frente, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Guilherme Maluf, alertou: "É doença altamente infecciosa — transmite-se antes dos sintomas aparecerem. O tratamento tríplice recomendado pelo Ministério da Saúde pode estar obsoleto frente a bactérias resistentes". Ele citou o histórico sombrio do antigo leprosário de Cuiabá e do Caí Caí — nome de um local originado pelas mutilações causadas pela doença.
“Assumir a dianteira dessa uma batalha pode reescrever a história do combate à hanseníase nas próximas décadas”, destacou Dr. João.
Sinais e Sintomas
Os sinais e sintomas mais frequentes da hanseníase são:
- Manchas (brancas, avermelhadas, acastanhadas ou amarronzadas) e/ou área (s) da pele com alteração da sensibilidade térmica (ao calor e frio) e/ou dolorosa (à dor) e/ou tátil (ao tato);
- Comprometimento do (s) nervo (s) periférico (s) – geralmente espessamento (engrossamento) –, associado a alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas;
- Áreas com diminuição dos pelos e do suor;
- Sensação de formigamento e/ou fisgadas, principalmente nas mãos e nos pés;
- Diminuição ou ausência da sensibilidade e/ou da força muscular na face, e/ou nas mãos e/ou nos pés;
- Caroços (nódulos) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos.
Transmissão
A transmissão ocorre quando uma pessoa com hanseníase, na forma infectante da doença, sem tratamento, elimina o bacilo para o meio exterior, infectando outras pessoas suscetíveis, ou seja, com maior probabilidade de adoecer. A forma de eliminação do bacilo pelo doente são as vias aéreas superiores (por meio do espirro, tosse ou fala), e não pelos objetos utilizados pelo paciente. Também é necessário um contato próximo e prolongado.
Tratamento
O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza o tratamento e acompanhamento dos pacientes em unidades básicas de saúde e em referência, não sendo necessária internação. A duração do tratamento varia de acordo com a forma clínica da doença. Para pacientes com hanseníase paucibacilar (PB) a duração é de seis meses e para pacientes com hanseníase multibacilar (MB) a duração é de doze meses.
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