Cuiabá, 26 de Abril de 2024

CIDADES Terça-feira, 11 de Agosto de 2020, 09:10 - A | A

11 de Agosto de 2020, 09h:10 - A | A

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Artistas e políticos lamentam partida precoce de Adir Sodré

Euziany Teodoro
Única News



A partida repentina do artista plástico Adir Sodré deixa uma lacuna na arte mato-grossense e mundial. Reconhecido dentro e fora do Brasil, Sodré surpreendia com sua irreverência ao retratar o cotidiano, assim como levava sua vida, sempre com música e pintando o dia todo, como relatam os amigos e admiradores.

Nesta segunda-feira (10), passou mal e acabou sofrendo uma queda em frente de casa, batendo a cabeça, o que causou sua morte aos 58 anos.

Sodré deixa sua marca por incontáveis pontos da cidade. Restaurantes, ruas, órgãos públicos, como o Palácio Paiaguás, e casas de amigos artistas e políticos de todo o Estado.

Um dos principais pontos, o tradicional Restaurante Choppão, em Cuiabá, tem as paredes tomadas por suas pinturas que erotizam a natureza, com os conhecidos e intrigantes “pênis-borboletas, melancias-vagina e montanhas-seios”.

Choppão

Adir Sodré Choppão

 

Com um poema, os administradores do local deixaram sua despedida: “Descanse em paz, profeta das cores!”.

Gervane de Paula, outro consagrado artista cuiabano, fez escola com Sodré a partir de 1977, no Atelier Livre da Fundação Cultural de Mato Grosso, orientado por Humberto Espíndola (1943) e Dalva (1935).

Arquivo pessoal

Adir Sodré, Gervane e Dalva

 

“Aqui estamos: eu, @adirsouza e Dalva de Barros, nossa professora de pintura, tinham mais alunos, mas foi com Adir com quem eu cultivei uma amizade. Com a sua ausência, a arte mato-grossense vai ficar mais triste. Porque ninguém tinha o deboche saudável que ele. Cabe a nós que ainda estamos vivos preencher esse vazio. Que com certeza não será uma tarefa fácil, para não dizer impossível”, escreveu no Instagram, com uma foto que mostra dois jovens incitantes na carreira artística.

O produtor cinematográfico Bruno Bini citou a presença de Adir em todos os cantos da cidade, “transbordando vida”. “Cresci cercado de Adir Sodre. Em casa, nas ruas da minha cidade. Sua arte onipresente, parte da minha paisagem afetiva. Daquelas pessoas que não se cogita a partida, pelo tanto que transborda sua vida e pelo tamanho que ocupa nas nossas. Há tristeza (muita) e há gratidão (demais). Adir está aqui. Para sempre. Viva Adir!”

Dewis Caldas, um maranhense que chegou a Cuiabá e de imediato viveu o mundo da arte cuiabana, era vizinho de Sodré e conta das vezes em que foi surpreendido por sua irreverência. Hoje morando em Portugal, onde produz documentários, se despede à distância.

Dewis Caldas

Adir Sodré papelão na janela

 

“Agora foi o Adir Sodré. Que agonia esses tempos. Fui vizinho do Adir por alguns anos, ele era o dia inteiro ouvindo música alta, pintava o tempo todo. Um dia colocou esse ''papelão'' dele mesmo na janela e virou atração na rua, esteticamente muito forte. As pessoas passavam e se espantavam, porque passando de relance parecia muito real, parecia ser alguém mesmo olhando fixamente pela janela. Um dia fui lá e tirei essa fotografia, ele gostou muito, postou no seu Instagram com a legenda, ''ele não estava lá'', esse era o jeito do Adir, nunca a mesma coisa. Outra vez, em 2012, no dia do meu aniversário de 27 anos, ouvi uns gritos frenéticos no portão era ele me chamando com um azulejo nas mãos, cuidadosamente embrulhado, e me entregou. Era essa linda obra, um presente eterno com referência ao Maranhão-Cuiabá, falando de música, com anjinho tocando violão, e com meu nome, foi absolutamente fantástico, usei durante muitos anos essa assinatura no meu email. Adorava o fato de eu ser maranhense, era só me encontrar que me dizia da amizade com Ferreira Gullar, falava do João do Vale, Zeca Baleiro. Eita, Adir. Paz!”.

No meio político, a notícia da partida de Sodré também causou surpresa e saudade.

O governador Mauro Mendes e a primeira-dama Virginia Mendes, que têm várias obras dele em casa e no trabalho. “Desde quando conheci sua arte, passei a ser uma grande fã de suas obras, tenho algumas em casa, alegrando vários ambientes com suas pinceladas coloridas e tão cheias de vida. Sempre achei a irreverência dele uma de suas maiores virtudes e não tenho dúvidas do quão inestimável é a contribuição que ele deixou para a nossa cultura, elevando o nome de Mato Grosso por onde passou”, escreveu Virginia.

Arquivo pessoal

Adir Sodré Virginia e Mauro

 

Emanuel Pinheiro e a primeira-dama de Cuiabá, Márcia Pinheiro, falaram sobre o ser humano único que foi Sodré, encantando o mundo com suas cores.

"Adir Sodré, ícone das artes, deixará sem dúvida uma grande lacuna. Ele nasceu em Rondonópolis, mais foi Cuiabá a cidade que ele escolheu para viver aos 15 anos de idade. E foi aqui que desenvolveu com maestria seu gosto pela arte. Ganhou o mundo, recebeu prêmios e reconhecimento, mas era a sua casa o seu lugar preferido. Era lá que ele produzia suas magníficas obras. Sua paixão por Cuiabá foi retratada inúmeras vezes. Casarões, igrejas, festas populares, ruelas, becos, enfim, ele conseguiu em vida demonstrar através de sua arte a sua gratidão e o seu amor pela cidade que o acolheu e projetou para o mundo. Cuiabá perde um dos maiores artistas que o Brasil produziu. Um ser humano único e que viveu para encantar o mundo com suas obras. Foi um choque receber a notícia de seu falecimento. Aos familiares e amigos os meus mais sinceros sentimentos. Que Deus o acolha em seus braços."

Vários outros políticos, como os deputados Eduardo Botelho e Janaina Riva, e o senador Carlos Fávaro, também se despediram.

“E num triste golpe do acaso, Mato Grosso, mais uma vez, sofre a perda de um de seus expoentes. A cultura cuiabana precisará se reinventar na saudade de Adir Sodré”, escreveu o senador.

“Um mato-grossense que ganhou o mundo com seu colorido peculiar, e nos brindou com obras extraordinárias que permanecem, para admiração de muitas mais gerações”, disse Janaina.

“A arte mato-grossense está em luto. Foi com tristeza que recebi a notícia de falecimento do artista plástico Adir Sodré. Sempre fui um admirador do seu trabalho, um artista que se destacava por sua irreverência e o colorido da sua arte. Vá em paz, amigo! Que Deus conforte seus familiares e amigos. Suas flores, formas e cores ficarão na história de Mato Grosso e do Brasil!”, despediu-se Eduardo Botelho.

O site Única News deixa duas condolências, mas, sobretudo, seu agradecimento, por colorir nossa cidade, nossas casas, nossos trabalhos, por nos representar. Vá em paz, Sodré!

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