Cuiabá, 26 de Abril de 2024

VOLTA AO MUNDO Sábado, 12 de Agosto de 2017, 11:34 - A | A

12 de Agosto de 2017, 11h:34 - A | A

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Papel feminino nas Forças Armadas ainda enfrenta preconceito

Opinião e Notícia



(Foto: Reprodução)

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Em 2017, pela primeira vez na História, mulheres ingressaram na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, de onde seguem para a Academia Militar das Agulhas Negras no ano que vem. Na Escola Naval, a primeira turma de intendentes também se forma este ano.

 

Elas serão as primeiras oficiais do Exército e da Marinha a atuar na linha de frente, em funções de apoio ao combate. Na Força Aérea, há 21 anos, mulheres já operam na intendência e, desde 2003, na aviação, embora não possam estar na frente de batalha em eventual conflito bélico. Apesar de as mulheres brasileiras representarem 7,61% do efetivo das Forças Armadas, persiste a visão estereotipada do conflito entre carreira e família.

 

É o que aponta pesquisa inédita que o Instituto Igarapé lança nesta sexta-feira (11), analisando a percepção de homens e mulheres militares – de cadetes e aspirantes a oficiais – sobre a recente abertura a mulheres de algumas funções. Os depoimentos levantados no estudo põem em xeque as habilidades necessárias à profissão, como liderança e expectativas em relação à família, à carreira e também a participação delas na linha de frente das Forças Armadas.

 

“Observamos que o debate sobre a presença das mulheres na linha de frente se pauta muito pela força física. “Percebemos também a persistência de uma visão ainda estereotipada do papel de conciliar família e carreira. Os desafios de integração acabam sendo mais de ordem subjetiva do que prática. É um tema que precisa ser tratado com transparência”, analisa Renata Giannini, pesquisadora do Instituto Igarapé e uma das autoras da publicação.

 

A Marinha foi a primeira a aceitar mulheres, mas a Aeronáutica é pioneira na inclusão de mulheres em sua atividade-fim. Permanecem fechadas, no entanto, as infantarias nas três forças – além da Armada na Marinha e da Artilharia, Cavalaria, Comunicações e Engenharia no Exército. Segundo levantamento de 2016, as mulheres representam 13% do efetivo na Marinha, 4% do Exército e 15% da Aeronáutica. Chegar ao topo da carreira é uma guerra: a contra-almirante Dalva Mendes tornou-se, em 2012, a primeira e única mulher a alcançar o posto de oficial-general.

 

Maioria dos países da América Latina já tem mulheres combatentes

 

A pesquisa avaliou ainda a realidade de mulheres militares no âmbito mundial. Cerca de 20 países – a maioria na Europa – permitem à mulher ingressar em qualquer arma ou especialidade. A Noruega foi a pioneira, mas outros países – como o Canadá e Suécia – aderiram ainda na década de 1980. A África do Sul tem o maior índice de participação e não faz qualquer restrição à participação de mulheres militares.

 

Ainda assim, é baixa a atuação delas nas forças militares em todo o mundo. Na América Latina, Argentina (com 17,1 % de participação feminina em seus efetivos), Guatemala (7,66%), Paraguai (5,64%), Uruguai (18,2%), Venezuela (21 %) – além de Colômbia e Bolívia – permitem o acesso feminino.

 

Para o levantamento de dados para a pesquisa, o trabalho de campo nas escolas de formação das três forças em território brasileiro durou quase dois anos. O estudo integra a agenda da ONU sobre a participação de mulheres em ações relacionadas à paz e à segurança.

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