Cuiabá, 06 de Maio de 2024

CIDADES Domingo, 09 de Maio de 2021, 09:00 - A | A

09 de Maio de 2021, 09h:00 - A | A

CIDADES / DIA DAS MÃES

Filhos ou política? Os dois! Veja como mulheres de destaque conciliam essas missões

Keka Werneck
Única News



Depois do nascimento de um filho, de passar os primeiros meses ao seu lado, nutrindo-o e sentindo o maior amor do mundo, é inevitável perguntar se você deveria ou não deixar sua carreira profissional para se dedicar totalmente ao bebê.

Ser mãe ou ter uma uma profissão que te transforma em pessoa pública? Será que são papéis compatíveis? Para marcar este Dia das Mães, o Única News foi atrás de mulheres de destaque na política, para saber como conseguem manter a dupla jornada.

No Executivo e no Legislativo elas fazem a diferença, em ambientes ainda muito masculinos. Tanto é assim, que foram necessárias cotas femininas nos processos eleitorais para garantir e fortalecer a bancada feminina.

Embora sigam linhas ideológicas diferentes, uma coisa elas disseram em comum: é muito difícil ser mulher, mãe e estar na política, sem apoio. Precisam sempre de familiares, maridos ou babás. E assim, procuram conciliar as duas missões. Elas falaram com a nossa reportagem sobre seus propósitos e a dedicação na política e sobre o amor e o carinho pelos filhos. Confira:

Deputada Janaina: ‘É difícil, mas não impossível’

janaina riva

 

A deputada estadual do MDB, Janaina Riva, é a única mulher no Parlamento de Mato Grosso. Está sempre envolvida nas principais causas sociais e femininas. Não foje de nenhum embate na Casa das Leis.

Em casa, tem marido e três filhos: o José, de 7 anos, a Sofia, de 11, e o bebê Diógenes, 11 meses. “São políticos também, como eu, vão com todos, convivem com muita gente e tento mostrar a eles o lado bom da política. Até para que valorizem a profissão da mãe e se espelhem. Minha filha é uma mini feminista e até já comentou que quer ser deputada e eu entendo isso como uma admiração”, diz Janaina.

Para ela, esse ciclo familiar não se rompe para galgar seus planos. “Tem que buscar harmonia. Sempre foi difícil e, até hoje, é muito difícil conciliar todas as atividades. Tento fazer da forma mais tranquila, agregando a política na vida pessoal e um pouco da vida pessoal na política”.

Ela ressalta que “é difícil, mas não impossível e muitas mulheres lidam com isso em suas atividades profissionais”.

"Muitas mulheres lidam com isso em suas atividades profissionais (Janaina Riva)"

Janaina afirma que recebe ajuda de muitas pessoas para dar conta do recado. “Além dos meus pais, tenho minhas funcionárias, porque preciso de babá, não tenho horário para sair e entrar em casa, porque minha vida pessoal depende de com estão as minhas atividades no parlamento”, justifica.

É aí que o marido também entra em cena. “Me substitui em casa e faz isso com prazer, felicidade e entende minha profissão”. Janaina cita também a irmã, outro braço direito seu. “Eu vejo que a política é uma forma de construir um futuro melhor, não só para meus filhos, mas para os filhos de toda população”, comenta.

Vereadora Edna Sampaio: ‘mulheres me ajudaram a ser quem sou’

Arquivo Pessoal

Edna Sampaio

 

A vereadora por Cuiabá, Edna Sampaio (PT), afirma sempre teve que lidar com todas as funções de mulher. Para ela, não foi nada fácil e segue não sendo. Porém, os filhos cresceram e se tornaram parceiros.

“Quando meus filhos eram pequenos, era mais difícil, sempre tive que manter uma pessoa em casa, para fazer os serviços, que não conseguia fazer na semana, então, tive ajuda de outras mulheres, para cuidar dos meus filhos, da minha casa, tendo sempre o apoio da minha família e do meu marido”, relata Edna.

Ela diz que só conseguiu ser quem é porque teve apoio. “Jamais conseguiria ser quem eu sou, fazer tudo que fiz e faço, sem ter ajuda, principalmente de mulheres, minhas irmãs, mãe, sogra, cunhadas, as mulheres que trabalharam comigo, que são minhas grandes amigas. Nunca estive sozinha, sempre tive muito apoio, muita ajuda e de muita gente. Quando os filhos cresceram, pude participar mais da política eleitoral”.

Edna tem um currículo extenso, é professora da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), foi candidata à reitora da universidade e, em seguida, partiu para política partidária. Ela conta que, em casa, tem um ambiente de muita conversa e debate sobre sociologia, política, filosofia, então, os filhos “foram educados neste clima de compreensão da sociedade”.

“Eles nunca me cobraram ser uma mãe que estivesse em casa, fazendo lanche, janta, como se eu fosse uma empregada. Quando compreenderam o que eu fazia e que eles também faziam parte disso, mesmo que nosso tempo fosse mais reduzido, me olharam como uma pessoa que tinha um projeto de vida, além da maternidade, isso fez com que despertasse muita admiração por mim e nunca faltei enquanto mãe, de estar conversando com eles, dando orientação, amorosidade, diálogo, mas também tiveram que se criar com muita autonomia, porque não conseguia estar sempre próxima”.

"Tenho muito orgulho dos meus filhos, são pessoas solidárias (Edna Sampaio)"

A vereadora conta que os filhos são “a coisa mais linda” que construiu. “Tenho muito orgulho dos meus filhos, são pessoas solidárias, têm compreensão política, minha filha mais nova é feminista, a Luana é uma pessoa que admiro demais, por ser mulher, bem resolvida, potente nas posições dela, engraçada, bem humorada. Nós temos uma relação muito boa, de muita proximidade, de diálogo e cooperação. Na verdade, cada filho é de um jeito, é um universo. O mais velho, William é extremamente inteligente, médico. Ele cuida de mim. Já César Henrique percebe as necessidades do outro, sempre disposto a ajudar contribuir, generoso e também temperamental, não mexe com ele não, porque é terrível, o grau de generosidade dele é muito grande, e sua reação à injustiça bastante acentuada. Eles ão a maior razão da minha vida, seres humanos plenos e maravilhosos”.

Secretária Ozenira Félix: ‘demonstro amor com atitudes’

ozenira

 

A pandemia de Covid-19 colocou a secretária municipal de Saúde, Ozenira Féliz, no “olho do furacão”. Ela vem desempenhando um papel delicado e a vida pessoal virou do avesso. Mal tem tempo para si. De vez em quando, diz que dói a consciência de não ficar mais com os filhos.

Embora diga não ter pretensão política, a proximidade com o poder vem desde que deixou de ser professora e passou no concurso para gestora governamental. “Fui trabalhar na Secretaria de Administração, no final do governo de Dante (de Oliveira), e ali ficava muito próximo dos secretários, do governador e foi um processo natural me envolver com política, quando percebi já estava respondendo até a cabeça”.

Ozenira também relata que, para explorar o mundo, contou com ajuda de cuidadoras. Ela tem um filho autista, o André, hoje, com 20 anos. E mais duas filhas, Luana, de 30 anos, e Morgana, 15. “Babás dividiram papel de mãe comigo”, admite Ozenira.

"Se não trabalhasse, também não seria boa mãe. Tem que conciliar. Conversar, se entender, isso que é família (Ozenira Félix)"

 

Segundo ela, já teve crises de consciência, por ser sempre uma pessoa muito ocupada. “Agora mesmo, estou passando muito tempo longe, antes eu almoçava pelo menos em casa. Agora, saio de manhã e volto à noite, até meus cachorros estão abandonados, eu chego e ficam todos me olhando, com cara de abandono”, brinca a secretária.

Porém, Ozenira afirma que sabe do seu papel, de gestora e de mãe. “Se não trabalhasse, também não seria boa mãe. Tem que conciliar. Conversar, se entender, isso que é família”.

Ozenira se diz uma mãe prática, que demonstra amor com atitudes. “Sou muito prática, capricorniana, então, sou de fazer comida, de comprar roupa, dar palpite. Mãe prática, demonstro amor através das ações, pergunto qual comida que gosta de comer, e adoro cozinhar”.

Ao lado dos filhos e marido, se diz uma mulher feliz, sem problemas de consciência hoje em dia, em ser mãe e também uma profissional atarefada.

Vereadora Michelly Alencar: ‘minha filha pediu para eu ir almoçar em casa’

Michelle Alencar

 

A vereadora por Cuiabá, Michelle Alencar (DEM), diz ter entrado na política porque recebeu “um chamado”. Ela é evangélica. Para ela, não foi fácil tomar a decisão de deixar para trás uma carreira consolidada, como jornalista. Mas, se diz feliz, “trabalhando para o povo cuiabano”.

Michelly afirma que, mesmo sendo vereadora, não deixa de cuidar do lar. “Tenho trabalhado muito mais como vereadora, passo mais tempo fora de casa do que antes. Mesmo assim, continuo dando muito amor, carinho, atenção e suporte à minha família. Resumindo, para encarar a minha jornada com a política não tive que romper com o meu ciclo de casa e família, pois esse, para mim é o único ciclo que não pode ser rompido, mesmo sendo uma mulher que sempre trabalhou fora, com uma rotina apertada de horários, sempre conciliei e continuo conciliando”.

"Mãe e culpa também andam juntas, mães entenderão (Michelle Alencar)"

O apoio que recebe é do marido, a quem ela considera “um grande parceiro nesta caminhada, pois é participativo em casa e com as crianças, me dá muito apoio emocional também”. A mãe é outro grande apoio, como um “anjo da guarda, que está sempre me ajudando com as crianças, e a dona Isabel, minha secretária, que está comigo e me ajuda nas atividades da casa desde que me casei”.

Michelly tem dois filhos biológicos – Miguel, de 8 anos, e Esther de 4 – além do enteado, o Jeffinho, de 13 anos. “Eu sempre tive o sonho de ser mãe e sou realizada nisso. É indescritível o amor de mãe, é um amor que não cabe no peito. Eu não tenho ido almoçar em casa, mas, esta semana minha filha me pediu para ir, para que eu pudesse arrumar o cabelo dela, já que teria um evento na escola. Esse pedido mexeu comigo, por um minuto pensei que pudesse não estar dando a atenção necessária. Mãe e culpa também andam juntas, mães entenderão”, lamenta.

“É claro que eu dei um jeito de estar em casa na hora do almoço para arrumar o cabelo da minha princesa. Nós duas ficamos muito felizes. E assim vamos seguindo, com muito amor envolvido”. Michelly diz ver a política como ferramenta de construção de uma sociedade melhor e tenta passar aos filhos a importância de participar das decisões políticas.

Prefeita Eliene Liberato: ‘a gente é muito cobrada’

prefeita Eliene e filho

 

A prefeita de Cáceres, Eliene Liberato (PSB) tem um filho, de 21 anos, que, quando era pequeno, chegou a pensar que não fosse amado. Hoje em dia, ele faz Medicina e precisou entender as escolhas da mãe, para admirá-la. E foi no aniversário de 50 anos dela, que o rapaz se declarou, um momento de grande emoção para ambos.

“Vai ficar guardada na minha memória de mãe. Isso me fortaleceu ainda mais, para eu continuar na política, tendo propósito na vida das pessoas”, comenta.

“Eu era muito ausente, chegava em casa tarde, sempre muito ocupada, participava da vida dele, mas faltava. Aos 12, passou a entender que amava muito ele, mas também amava as [outras] pessoas, um amor estendido”, comenta.

“Desde que meu filho nasceu, tenho tentado conciliar as jornadas de mãe, mulher e esposa. Não foi fácil, até hoje, ainda encontro dificuldades, pois a gente acaba sendo muito cobrada. Lembro muito bem, quando meu filho era muito pequeno, eu dava aula à noite, trabalhava durante o dia em projetos, mas, ainda tinha que dar conta dos afazeres domésticos. Consegui conciliar, mas tralhando muito, me dedicando muito e me doando muito”, relata.

"Consegui conciliar, mas trabalhando muito, me dedicando muito e me doando muito (Eliene Liberato)"

“Tinha uma babá à noite, para eu dar aula, mas, meu filho só dormia quando eu chegava”.

Isso tudo sem muita ajuda da família, que mora longe.

Depois disso tudo, Eliene casou e ganhou 3 enteadas. “Familiares do esposo ajudava em alguns momentos”, conta.

Para a prefeita, mesmo com toda essa dificuldade, "a mulher pode e deve ir para política e mudar a vida das pessoas".

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