Cuiabá, 19 de Maio de 2024

POLÍCIA Quarta-feira, 06 de Dezembro de 2023, 17:34 - A | A

06 de Dezembro de 2023, 17h:34 - A | A

POLÍCIA / HOMICÍDIO E ESTUPRO

Polícia Civil conclui inquérito sobre morte de mãe e filhas em Sorriso

Delegado afirma que a cena do crime chocou até mesmo os policiais e peritos que atenderam a ocorrência.

Ari Miranda
Única News



A Delegacia de Polícia Civil de Sorriso (397 Km de Cuiabá), encaminhou nesta quarta-feira (6) ao Poder Judiciário do Estado, o inquérito que indicia o pedreiro Gilberto Rodrigues dos Anjos (32) pelo assassinato de Cleci Calvi Cardoso (46) e suas filhas Miliane, Manuela e Melissa Calvi Cardoso, de 19, 13 e 10 anos, respectivamente, no crime que ficou conhecido nacionalmente como “chacina de Sorriso.

O criminoso confesso dos crimes foi indiciado quatro vezes pelos homicídios das vítimas, com qualificadoras de meio cruel, recurso que impossibilitou defesa da vítima, garantia da execução de outro crime e menosprezo à condição de mulher (feminicídio).

Contra as vítimas menores de idade, os homicídios receberam mais uma qualificadora, que é de crime cometido contra menor de 14 anos, previsto na Lei Henry Borel. Além dos homicídios qualificados, Gilberto foi indiciado pelos crimes de estupro contra duas vítimas adultas (Cleci e Miliani Calvi) e estupro de vulnerável, cometido contra a vítima Manuela Calvi, de 13 anos.

Mãe e filhas foram encontradas mortas com diversos ferimentos no corpo, dentro da casa da família, na manhã de 27 de novembro, no bairro Florais da Mata, em Sorriso. Contudo, o crime foi cometido dois dias antes, entre a noite de sexta-feira (24/11) e a madrugada do sábado (25/11).

O delegado de Polícia Civil, Bruno França Ferreira, da Divisão de Homicídios da unidade policial de Sorriso, classificou o crime como macabro e destacou que a cena do crime ficará marcada na vida de todos os profissionais da segurança pública que atenderam a ocorrência, que chocou a cidade e o estado.

Gilberto Rodrigues foi preso em flagrante na mesma manhã em que foram encontrados os corpos das vítimas. Ele trabalhava tranquilamente em uma obra ao lado da residência da família Cardoso e observou a rotina das vítimas antes de cometer os crimes.

Ele invadiu a casa da família na sexta-feira à noite, e quando foi confrontado por Cleci Cardoso, que tentou defender a família, matou inicialmente a mulher e, em seguida, as três filhas dela. Enquanto a mãe e suas duas filhas mais velhas ainda agonizavam após serem degoladas, o assassino ainda as estuprou.

O laudo pericial de confronto genético realizado pela Politec-MT apontou positivo para o DNA do criminoso em uma das vítimas que sofreu o estupro, a menina de 13 anos. Os demais laudos periciais ainda estão em fase de conclusão pela Politec.

Diante da comoção na cidade, a Polícia Civil transferiu o criminoso para a penitenciária de Sinop. Depois, o juízo da comarca determinou que ele fosse transferido para a Penitenciária Central do Estado, em Cuiabá, onde aguardará ir à Júri Popular.

DILIGÊNCIAS

Preocupado por não ter notícias da família, o pai e marido das vítimas entrou em contato com a PM de Sorriso e informou que estava em viagem a trabalho e não conseguia falar com a mulher e as filhas. Ele relatou ainda que ao telefonar para a escola das filhas foi informado que elas não tinham ido à escola naquela manhã, fato que o deixou aflito e solicitou a assistência policial.

Uma equipe da PM e do Corpo de Bombeiros foi à casa da família e viu o veículo de Cleci na garagem e a agitação dos cachorros no quintal. Após chamar pelas moradoras, os policiais entraram no quintal e, através de uma porta de vidro, viram duas pessoas caídas no chão, aparentemente sem vida.

Bombeiros fizeram uma inspeção na casa e identificaram uma janela aberta, por onde um militar entrou e depois abriu a porta da casa, quando as equipes constaram que havia quatro vítimas mortas.

A Divisão de Homicídios da Delegacia de Sorriso assumiu a investigação e após a coleta inicial de informações, acompanhou o exame pericial conduzido pela Politec. Foi apurado que o autor do crime entrou na residência pela janela do banheiro, iniciando em sequência o ataque às vítimas. Os peritos identificaram ainda impressões de sola de chinelo nas manchas de sangue no piso da residência.

A equipe da Polícia Civil seguiu com as diligências e em duas obras em construção, onde vários homens trabalham, foram realizados levantamentos de informações. Entre os cinco trabalhadores do local, um deles dormia na obra, identificado como Gilberto Rodrigues dos Anjos. Ao ser entrevistado pelos policiais, ele ficou nervoso e alegou não ter ouvido qualquer barulho na casa das vítimas durante o final de semana. Questionado sobre onde descansava, ele apontou o local, no piso superior da obra, que dava uma visão para a casa das vítimas, e como documento apresentou apenas a cópia da identidade.

Ao vistoriar os pertences do suspeito, ele disse não ter calçados, mas os policiais civis encontraram um chinelo compatível com as marcas deixadas no piso da residência da família e foi confirmado se tratar do mesmo calçado.

Durante checagem dos dados pessoais, os policiais apuraram que contra Gilberto havia dois mandados de prisão em aberto, um pela Comarca de Lucas do Rio Verde por crime sexual, e outro pela Comarca de Mineiros, em Goiás, pelo crime de latrocínio.

Confrontado com as informações, ele confessou que atacou as quatro vítimas na noite de 24 de novembro. Depois de esfaquear três vítimas e, quando elas ainda agonizavam, ele cometeu abuso sexual contra a mãe e duas filhas. Já a menor de 10 anos morreu asfixiada.

MORTES BRUTAIS

Conduzido à delegacia e ouvido em interrogatório, ele admitiu a autoria do crime e alegou que após usar entorpecentes invadiu a residência das vítimas, pela janela do banheiro, com a intenção de roubar. Porém, ao ser surpreendido por Cleci Cardoso, ambos entraram em confronto ele pegou uma faca e atacou a mãe.

Neste momento, uma das filhas, Miliane, saiu do quarto para socorrer a mãe e também foi atacada. Na sequência, ele confessou que assassinou as outras duas vítimas.

“Considerando o idêntico histórico de crime sexual do indiciado, bem como o fato de que absolutamente nenhum objeto de valor fora levado da casa, as afirmações dele em interrogatório não condizem com o que foi apurado. Ademais, o único objeto retirado da casa foi uma peça íntima da menor de doze anos”, atestou o delegado Bruno França.

Depois de matar a família, ele contou que saiu da casa pela mesma janela por onde entrou e voltou para a obra, onde retirou as roupas sujas de sangue e guardou em um contêiner. A Polícia Civil localizou as roupas e encaminhou para a perícia. Na sacola mesma sacola onde estavam as roupas sujas de sangue, também havia uma peça de roupa íntima de uma das vítimas.

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