Ari Miranda
Única News
No detalhe, o pedreiro Gilberto dos Anjos, autor da "chacina de Sorriso".
Em entrevista ao programa Cidade Alerta, da TV Conquista, de Lucas do Rio Verde (332 Km de Cuiabá), uma moradora da cidade fez um relato dos momentos de desespero vividos por ela após ser ataque do “maníaco de Sorriso”, o pedreiro Gilberto Rodrigues dos Anjos (32), em meados de setembro deste ano, contando detalhes do dia do crime e a frieza do criminoso, que era vizinho dela.
O criminoso foi responsável pela “chacina de Sorriso” (397 Km de Cuiabá), crime que chocou o estado de Mato Grosso pela brutalidade e frieza do criminoso, que foi preso no dia 27 de novembro deste ano, trabalhando normalmente, em uma obra ao lado da casa das vítimas, logo após a polícia encontrar os corpos de Cleci Calvi Cardoso (46) e suas filhas Miliani (19), Manuela (13) e Melissa Calvi Cardoso (10).
A mãe e as filhas mais velhas foram degoladas e estupradas enquanto ainda agonizavam. Já a filha caçula foi morta asfixiada com um travesseiro.
Em relato ao programa de TV, a vítima de Gilberto, que teve a identidade preservada, disse que o pedreiro era vizinho dela em um conjunto de quitinetes, em Lucas do Rio Verde, afirmando que, em meados de setembro deste ano, o predador sexual invadiu sua casa, estuprou e degolou ela e sua filha - o mesmo modus operandi com o qual ele agiu contra as quatro vítimas da chacina em Sorriso.
A mulher contou que estava dormindo com a filha, quando Gilberto invadiu o local armado com uma faca.
“Fiquei com medo. A primeira coisa que ele pegou foi o celular, para não nos comunicarmos com ninguém. Entreguei o celular, aí ele saiu arrastando minha filha pelos cabelos”, disse a vítima.
Segundo a mulher, o pedreiro então levou a filha dela para a cozinha, onde tentou abusar sexualmente da menina, destacando que Gilberto dos Anjos é um criminoso frio e implacável. “Ela [a filha] lutou muito com ele. Cortou os dedos dela. A vontade dele [Gilberto] era matar. Ela fazia tudo que ele pedia. Eu estava no quarto, com a neném. Ele é tão psicopata que ainda ri da cara da pessoa. Naquele momento, a gente não sente nem pisar no chão”, destacou.
De acordo com o relato, a filha conseguiu quebrar a faca e, em seguida, ela interveio para agredir o pedreiro, que ao ver que não conseguiria êxito no crime, fugiu.
“Ele ainda saiu fazendo piada, dizendo ‘eu vou, mas eu volto’. Depois do que aconteceu, ela [filha] ficou desesperada, tem que tomar remédio para dormir. Até hoje, ela não consegue dormir naquele horário, ela vê sempre essa assombração. Ele cortou o pescoço dela. Eu não sinto um alívio [por ele ter sido preso]. Sinto muito ódio de um cara desse. É um doente! O que eu quero é que seja feita justiça”, pontuou.
CRIMINOSO EM SÉRIE
De acordo com o delegado João Antônio Batista Ribeiro Torres, logo após o crime, policiais civis de Lucas do Rio Verde foi feita uma operação para tentar prender Gilberto, porém não obtiveram êxito em localizar o assassino.
“A Polícia Civil de Lucas ficou aproximadamente 72 horas na rua utilizando todo tipo de ferramenta tecnológica, mas esse é um sujeito muito esguio, por isso não conseguimos encontrá-lo. Ele descartou aparelho celular, chip e empreendeu fuga da cidade. A gente não consegue prender todas as pessoas com mandados de prisão em aberto”, lamentou.
Segundo ele, também está sendo investigado se Gilberto teria cometido outro crime no município, com as mesmas características de atuação no caso do ataque à vizinha dele e à mãe e as três filhas, em Sorriso.
“É um predador sexual. Está numa escala de psicopatia. Pratica esses delitos em série. Inclusive, a gente até apurou que, talvez, tenha tentado fazer isso com outra pessoa aqui em Lucas há um tempo, só que a informação ainda não foi confirmada. Também foi o mesmo modus operandi. Ele [o criminoso] arrastou uma mulher para um matagal e, com uma faca, tentou consumar o ato. Por motivo alheio, não conseguiu”, ressaltou o delegado.
“[Gilberto]É um sujeito doente. A Polícia se entristece imensamente com o que aconteceu. O que precisa ficar claro é que atuamos incessantemente para combater o crime. Mas, desta vez, não foi possível evitar o fato”, concluiu.
MATOU JORNALISTA EM 2013
Gilberto Rodrigues dos Anjos chegou a ser preso em 2013 pelo assassinato do jornalista Osni Mendes, ocorrido em 22 de dezembro daquele ano, na cidade de Mineiros, sudoeste goiano.
Conforme informações do inquérito da Polícia Civil de Goiás, o jornalista conheceu Gilberto na madrugada de 22 de dezembro de 2013, em um bar da cidade. Eles teriam começado a conversar, até que Osni ofereceu uma carona ao pedreiro, para irem até outro bar. Gilberto aceitou o convite e os dois entraram no carro da vítima.
Durante o trajeto, o jornalista parou o carro para fazer xixi e disse a Gilberto que também descesse do veículo para esticar as pernas. Quando os dois estavam fora do carro, Osni tentou beijar o pedreiro à força, momento em que ele reagiu empurrando e dando socos no rosto do comunicador. A partir daí, os dois homens entraram em luta corporal, até que o criminoso nocauteou a vítima e, aproveitando que o homem estava desacordado, arrancou sua camisa e o enforcou até a morte.
Após o crime, Gilberto fugiu com o carro de Osni e se escondeu em uma região de chácaras na zona rural de Mineiros, chegando inclusive a utilizar o veículo para ir à cidade comprar cerveja. Em uma dessas ocasiões, ele foi preso, cinco dias depois do crime.
O pedreiro chegou a ficar preso por 160 dias. Contudo, o “maníaco de Sorriso” foi solto pela Justiça goiana devido ao excesso de prazo na conclusão do inquérito policial.
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