21 de Abril de 2025
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POLÍCIA Terça-feira, 09 de Julho de 2024, 12:11 - A | A

09 de Julho de 2024, 12h:11 - A | A

POLÍCIA / FAZENDEIRO INDICIADO

Disputa de terra avaliada em R$ 100 milhões motivou assassinato de Roberto Zampieri

Aníbal percebeu que poderia perder sua área quando o irmão dele, Vanderlei, perdeu a parte que lhe pertencia em uma ação movida por Zampieri

Euziany Teodoro
Christinny dos Santos
Única News



Duas fazendas contíguas, em Paranatinga (a 411km de Cuiabá), juntas avaliadas em R$ 100 milhões, foi o que motivou o assassinato do advogado Roberto Zampieri, em 5 de dezembro de 2023, no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá.

O produtor rural Aníbal Manoel Laurindo, dono de uma das terras, percebeu que poderia perder sua área quando o irmão dele, Vanderlei Laurindo, perdeu a parte que lhe pertencia em uma ação movida por Zampieri. Ao executar a sentença, o judiciário acionou também Aníbal, acreditando se tratar de uma terra só.

De acordo com o delegado Nilson Farias, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cuiabá, foi neste momento que Aníbal decidiu matar o advogado.

“Segundo informações, essa terra é avaliada em aproximadamente 100 milhões de reais. E são fazendas contíguas, em que um irmão, que é o Vanderlei, ele perdeu a primeira ação que buscava reivindicar essa terra e na hora de executar a sentença, passou a executar também a fazenda do Aníbal, como se fosse uma fazenda só. E aí ele entra com um com uma interdição de terceiros para se defender”, explicou o delegado.

A fazenda de Aníibal já estava limpa, tinha plantações e, consequentemente, mais valor. Uma vez que a execução da sentença considerou as duas terras, o fazendeiro acreditava que existia uma proximidade de Zampieri com o desembargador que julgou a ação.

"A [fazenda] do Aníbal é a que está limpa e a que está plantando soja, que vale mais, entendeu? Então aí que começou o problema. […] A motivação do homicídio é que o mandante acreditava que existia uma proximidade do advogado com um desembargador", explicou Nilson.

O depoimento do executor de Zampieri, Antônio Gomes da Silva, à polícia foi um dos elementos que cooperou para confirmação do mandante do crime. O atirador relata que recebeu um áudio de alguém com sotaque italiano, que mais tarde se provou sulista, em que este dizia que o irmão já havia pedido suas terras, mas ele não perderia também.

"Por isso que no áudio lá atrás, quando nós tínhamos a investigação dos executores, quando um dos executores falou assim: ‘no áudio, alguém com um sotaque italiano, fala: meu irmão já perdeu e eu não vou perder a minha’", explicou delegado.

"Naquela época nós não tínhamos ideia de quem era o mandante, suspeitava-se da Maria Angélica e ela não encaixava realmente nisso. Tanto é que no final ela não foi indiciada. Porém, quando surge eles, aí se encaixa perfeitamente. Porque um irmão já perdeu e o outro ia perder. Sotaque italiano, que, na verdade, é sulista", completou Nilson.

O inquérito foi concluído e o delegado Nilson Farias apresentou os elementos à imprensa nesta terça-feira (9), em coletiva.

"Obviamente que daqui pra frente começa a fase processual e ele vai ter o direito ao contraditório e ampla defesa. Mas, na fase de inquérito, que é inquisitivo, a conclusão minha como autoridade policial é com 101% de certeza de que foi Aníbal quem mandou matar o advogado Roberto Zampieri", afirmou o delegado.

O caso

O advogado Roberto Zampieri foi morto a tiros no dia 5 de dezembro de 2023, quando deixava seu escritório, localizado no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá. O assassino ficou de tocaia esperando a vítima sair e o atacou no carro, uma Fiat Toro, com pelo menos 10 tiros.

Estão presos o executor, Antônio Gomes da Silva, o intermediário que contratou o assassino, Hedilerson Fialho Martins Barbosa, e o financiador do crime o coronel do Exército, Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas.

As prisões, parte delas efetuadas na região metropolitana de Belo Horizonte de Belo Horizonte (MG), foram decretadas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais (NIPO) da Comarca de Cuiabá, com base nas investigações conduzidas pela equipe da DHPP e contaram com apoio da Polícia Civil de Minas Gerais.

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