21 de Abril de 2025
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JUDICIÁRIO Quarta-feira, 12 de Março de 2025, 16:55 - A | A

12 de Março de 2025, 16h:55 - A | A

JUDICIÁRIO / DEU NO UOL

PF revela que lobista de MT transferiu R$ 4 milhões para empresa de assessor do STJ

Segundo as investigações, assessor que trabalhou nos gabinetes de duas ministras da Corte Superior teria alterado minutas de decisões a pedido do lobista.

Ari Miranda
Única News



Uma reportagem publicada pelo portal UOL nesta quarta-feira (12), mostra que a Polícia Federal (PF) apontou indícios de que o lobista mato-grossense Andreson de Oliveira Gonçalves realizou uma série de transferências bancárias, que totalizaram R$ 4 milhões, ao assessor do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Márcio Toledo Pinto, alvo de buscas em novembro do ano passado.

As informações constam no relatório da Polícia Federal, ao qual o UOL teve acesso, no qual o relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF) foi o ministro Cristiano Zanin. No relatório, também é destacado que o assessor em questão atuou nos gabinetes de duas ministras da Corte Superior. O documento em questão, no entanto, está sob sigilo.

Andreson está preso desde 26 de novembro do ano passado na Penitenciária Central do Estado de Mato Grosso (PCE-MT), após ser alvo da Operação Sisamnes, que desvendou um megaesquema de venda de sentenças encabeçado por ele e que envolveu desembargadores de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, membros do STJ e advogados, que pagavam por seus serviços. Conforme as investigações, o lobista se apresentava como advogado e atuava na venda de influência entre ministros da Corte Superior, além de negociar decisões antecipadas de processos.

Segundo a reportagem, ao quebrar o sigilo bancário dos investigados, a PF encontrou rastros de transferências bancárias de uma empresa que pertence a Andreson, a Florais Transportes, situada no bairro Nova Esperança, em Cuiabá, sendo estas as primeiras provas concretas de que repasses financeiros ilegais foram feitos entre o lobista e o assessor do Superior Tribunal de Justiça.

Conforme as investigações, foram identificadas 45 transferências bancárias da conta da transportadora de Andreson, com valores entre R$ 1 mil e R$ 250 mil, entre maio de 2021 e dezembro de 2023 para a empresa Marvan Logística. No entanto, a PF afirma no relatório que a empresa que recebeu os valores pertence à esposa de Márcio Toledo, assessor do STJ.

"Analisando os dados bancários da empresa Florais Transportes, foram identificadas diversas transferências para a empresa Marvan Logística, o que aparentemente reflete na confirmação dos atos de corrupção praticados pelo servidor Márcio, por intermédio do lobista Andreson", destaca o relatório da PF.

“Reputa-se ter restado devidamente evidenciada a lavagem de dinheiro instituída para operacionalizar os pagamentos das 'propinas' intermediadas por Andreson de Oliveira Gonçalves em benefício do servidor Márcio José Toledo Pinto”, complementa em outro trecho.

Procurada pelo UOL,a defesa de Márcio Toledo Pinto disse que não iria se manifestar. Já a de Andreson não respondeu sobre os pagamentos. Por fim, o STJ diz que as investigações internas sobre suspeitas de venda de decisões continuam dentro da Corte.

VENDA DE SENTENÇAS

Antes de ser afastado do cargo de assessor, Márcio Toledo havia atuado nos gabinetes das ministras Nancy Andrighi e Isabel Gallotti, e era a pessoa que preparava as minutas de decisões, documentos elaborados antes das decisões definitivas serem proferidas.

A PF identificou que o servidor acessou os sistemas do STJ e fez alterações em processos da Corte que foram “vazados”, aos quais Andreson teve acesso antecipado às minutas das decisões das ministras.

Conforme o relatório, ao menos 13 processos dos gabinetes das duas magistradas estão sob suspeita de vazamento para Anderson - oito do gabinete da ministra Isabel e cinco do gabinete de Nancy – destacando ainda nos autos que, parte dos pagamentos feitos pela transportadora de Abdreson foram feitos para a conta da empresa da empresa de Toledo após o lobista ter o acesso às minutas do STJ.

PF/Ilustração

 

OPERAÇÃO SISAMNES

Andreson foi preso pela PF na manhã de 26 de novembro do ano passado, no âmbito da Operação Sisamnes, que investigou os crimes de organização criminosa, corrupção, exploração de prestígio e violação de sigilo funcional.

O suspeito, segundo as diligências da Polícia Federal, atuava na venda de influência entre ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), além de negociar decisões antecipadas de processos.

As investigações indicam que Gonçalves tinha acesso privilegiado a decisões de ministros do STJ e, por meio desse acesso, vendia sua influência para garantir decisões favoráveis a clientes que pagavam por esses serviços.

Ele se apresentava como advogado, embora sem registro na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

A operação também mirou assessores de ministros do STJ, entre eles, chefes de gabinete de ministros.

“ULTIMA RATIO”

Antes de ser preso, o lobista também foi alvo da Operação ‘Ultima Ratio’, da PF, apontado como o interlocutor do advogado Roberto Zampieri, assassinado em 5 dezembro de 2023, no bairro Bosque da Saúde em Cuiabá.

Conversas de WhatsApp extraídas do celular de Zampieri revelaram a proximidade do jurista com Andreson, que conforme as investigações, era a conexão de Zampieri com tribunais de Brasília e a pessoa que negociava decisões em gabinetes do STJ.

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