Cuiabá, 07 de Maio de 2024

JUDICIÁRIO Quinta-feira, 22 de Fevereiro de 2024, 11:02 - A | A

22 de Fevereiro de 2024, 11h:02 - A | A

JUDICIÁRIO / DUPLO HOMICÍDIO

MP pede retorno de Carlinhos Bezerra à prisão e aponta "laudo duvidoso” sobre diabetes

Segundo promotor, defesa não apresentou nenhum laudo sobre a patologia e o estado de saúde do empresário antes e depois de sua prisão.

Ari Miranda
Única News



O Ministério Público de Mato Grosso pediu a revogação da prisão domiciliar concedida ao empresário Carlos Alberto Gomes Bezerra (57), filho do ex-governador e ex-deputado federal Carlos Bezerra (MDB). “Carlinhos Bezerra” matou a ex-namorada, Thays Machado (44), e o namorado dela, Willian César Moreno (40), em frente ao Edifício Solar Monet, no bairro do Consil, em 18 de janeiro do ano passado.

O promotor de Justiça Jaime Romaquelli pediu a revogação da prisão domiciliar por ter descumprido a obrigação fixada como condição para tratamento domiciliar. Ele cita que o laudo apresentado pela defesa de Carlinhos tem “confiabilidade duvidosa”, uma vez que o documento apresenta “nada mais que um rol de exames e consultas já realizadas, não expondo nem uma linha sequer sobre o estado de saúde anterior e atual do réu”.

Além disso, Romaquelli ressalta nos autos que nenhum laudo médico atestando o suposto quadro de diabetes do empresário foi incluído no pedido da defesa.

RELEMBRE O CASO:

- Filho de Carlos Bezerra é o principal suspeito de assassinar casal

- Carlinhos Bezerra rastreava passos da ex-namorada há mais de 1 ano

- Filho de Bezerra alega que diabetes causou "descompensa emocional"

- TJ concede prisão domiciliar para Carlinhos Bezerra

Na terça-feira (20), a defesa de Carlinhos Bezerra protocolou um pedido de prorrogação da prisão domiciliar, para que o empresário possa realizar uma cirurgia de catarata.

Jaime Romaquelli, por sua vez, também questionou o pedido, alegando que o pedido de manutenção da prisão domiciliar soou a uma tentativa de obstrução da justiça pela defesa do empresário.

“Ou seja, esperou o último dia do prazo para trazer um documento sem qualquer capacidade de provar a existência da doença de que o réu diz ser portador, a extremada debilidade em razão da doença, a situação atual após tratamento. Não diz uma linha sequer sobre tratamento ao qual o réu tenha sido submetido”, alegou Jaime Romaquelli.

Carlinhos Bezerra foi preso em flagrante horas depois do crime, em uma fazenda da família, na cidade de Campo Verde (121 Km de Cuiabá) e confessou o crime. Em 17 de novembro do ano passado, a Segunda Câmara Criminal concedeu habeas corpus e converteu a prisão preventiva em domiciliar, alegando que o estado de saúde debilitado do preso requeria o tratamento em casa. O pedido ainda foi deferido devido à ausência de indícios que o empresário possa voltar a cometer crimes.

Romaquelli também lembrou no documento que o crime de feminicídio é um delito que vem crescendo em Mato Grosso e diariamente é combatido em todos os níveis, demonstrando a necessidade da adoção de medidas capazes de desencorajar os autores desse tipo de conduta.

“(...) a prisão preventiva é um dos principais mecanismos para alcançar esse resultado, pois mostrará para aqueles que tendem a assim agir, que a Justiça não tolera esse tipo de conduta”, ressaltou.

“A credibilidade da Justiça estará em crise quando dezenas de réus nas mesmas condições de Carlos Alberto encontram-se presos e ele, por ostentar elevado nível político-social, beneficia-se de contorcionismos na interpretação da lei, permanecendo em liberdade após a prática de delitos bárbaros como os cometidos”, completou.

(Foto: Reprodução/Internet)

THAYS MACHADO E WILLIAM MORENO.jpg

O casal William César Moreno e Thays Machado, mortos pelo empresário Carlinhos Bezerra em janeiro de 2023.

Além disso, Romaquelli reforça que a prisão de Carlinhos evitará que ele atrapalhe o desenvolvimento das provas, que haverão de ser produzidas perante o Tribunal do Júri, seja coagindo ou ameaçando testemunhas ou familiares das vítimas para que eles se calem ou distorçam a verdade dos fatos, garantindo que os quais se encontram extremamente atemorizados.

O promotor também cita que a prisão em regime fechado não vai trazer prejuízo ao tratamento de Carlinhos, já que, conforme exposto no laudo apresentado pela defesa, há necessidade apenas da realização de mais exames e consultas, além da cirurgia de cataratas, o que pode ser feito com o agendamento por parentes e acompanhamento por agentes do sistema prisional.

“O diabetes mesmo, ao qual o laudo suspeito não dedicou nem uma linha, pode ser monitorado com o uso de medicamentos dentro do presídio. Se há necessidade de manutenção do remédio em geladeira, que se coloque um frigobar na cela do acusado”, pontuou.

FAÇA PARTE DE NOSSO GRUPO NO WHATSAPP E RECEBA DIARIAMENTE NOSSAS NOTÍCIAS!

GRUPO 1  -  GRUPO 2  -  GRUPO 3

Comente esta notícia