19 de Abril de 2025
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JUDICIÁRIO Sexta-feira, 11 de Abril de 2025, 07:45 - A | A

11 de Abril de 2025, 07h:45 - A | A

JUDICIÁRIO / DEU NA FOLHA

DPU manda garimpeiros saírem imediatamente da Terra Indígena Sararé em MT

Defensoria da União pede que Forças de Segurança desenvolvam ações intensivas na área para expulsar garimpeiros ilegais da área.

Ari Miranda
Única News



A Defensoria Pública da União (DPU) enviou na última terça-feira (8) uma recomendação aos órgãos federais, para que sejam tomadas medidas imediatas para a retirada dos invasores que movimentam o garimpo na Terra Indígena Sararé, no Oeste de Mato Grosso, a aproximadamente 500 quilômetros da Capital.

Segundo dados do Governo Federal apontam que, o território, que pertence à etnia Nhanbiquara, ocupa o 1º lugar no ranking de alertas de garimpo ilegal entre todas as terras indígenas do país e, segundo apurações, estima-se que aproximadamente 5 mil garimpeiros atuam no local

Conforme a DPU, as ações policiais realizadas pela Força Nacional, IBAMA, Exército Brasileiro e Polícias Federal e Civil para reprimir a garimpagem ilegal de ouro produzem resultados temporários, uma vez que, após finalizadas, os garimpeiros retornam à atividade extrativista criminosa, com a utilização de metais pesados, como o mercúrio, que é altamente tóxico e têm contaminado rios e outros afluentes que banham a reserva indígena.

Além disso, a Defensoria ressalta que “as operações [policiais] costumam ocorrer com intensa reação violenta e armada por parte dos criminosos”, colocando em risco a integridade de policiais e indígenas, apontando a necessidade de criação de um plano de atuação mais complexo, com estruturas e ações integradas a longo prazo.

O prazo para resposta é de 15 dias úteis.

Larissa Silva | RJV

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Soilo Urupe Chue.

PROBLEMA ANTIGO

Além de Pontes e Lacerda, o território, de 67 mil hectares de extensão, também abrange os municípios de Conquista D'Oeste, Nova Lacerda e Vila Bela da Santíssima Trindade e, mesmo sendo homologada pelo Governo Federal, há mais de 30 anos, a Terra Indígena Sararé vem sendo vilipendiada por garimpeiros ilegais para extração de ouro.

Em reportagem publicada no mês de abril de 2023 pelo Única News, Soilo Urupe Chue (foto á dir.), conselheiro da Federação dos Povos Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt) revelou que a garimpagem ilegal e as ameaças de morte dos garimpeiros tem levado ao esvaziamento das aldeias existentes na área.

"Não temos controle dentro do garimpo e não conseguimos entrar lá. Estava conversando com um cacique do nosso povo da região do Sararé, que contou que está pensando se continua na aldeia ou se vai mais ao fundo do território. Eles não têm mais aquela tranquilidade que se tinha [antigamente] e estão com medo", afirmou à época.

O clima tenso na Terra Indígena Sararé, conforme Soilo, só ameniza quando acontecem as operações policiais. "O pessoal [garimpeiros] some. Mas, depois que a fiscalização vai embora, volta em pouco tempo tudo de novo", denunciou.

Além da derrubada da vegetação nativa do local e as contaminações da da água e solo das aldeias, a presença dos garimpeiros trouxe divisão entre os próprios indígenas da etnia, que acabam se aliando aos invasores da área, na esperança de algum “benefício”.

"Algumas lideranças [das aldeias] vão conversar com eles [garimpeiros], ficam pensando que vão receber recurso com garimpo e ficam iludidos. Então, os caciques que não querem [o garimpo] começam a conflitar com aqueles que, digamos assim, com as pessoas que tem um diálogo ou quer servir [no garimpo]", pontuou.

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