Keka Werneck
Única News
A dentista Roseli Barranco, de 44 anos, esposa do deputado estadual Valdir Barranco (PT), 46, relatou ao Única News, com exclusividade, que tinha crises de choro, no período em que o marido estava intubado com covid-19, no Instituto do Coração (Incor), em São Paulo.
Durante a internação, o deputado também chorava, principalmente de saudades da esposa, filhos, casa e das atividades parlamentares.
Segundo Roseli, foram muitas intercorrências no quadro de saúde do deputado, lágrimas e muita tensão predominava, desde que ambos testaram positivo para o covid-19, em 11 de fevereiro, até a alta hospitalar, 80 dias depois, na última quarta-feira, 5 de maio.
Os dois são casados há 22 anos, têm 2 filhos – o mais velho Paulo Henrique, de 21 anos, e a mais nova, de 15, Ana Carolina. O casal se considera inseparável, para Roseli, Valdir é o seu companheiro da vida toda.
A dentista ficou internada por uma semana, na Santa Casa de Cuiabá, com muita falta de ar. “Em um primeiro momento, tinha muito medo de morrer, porque nossos filhos são jovens e eu sabia o tamanho da violência dessa doença, que mexe muito com nosso o psicológico, com nossos sentimentos”, conta.
No quarto dia de internação, ela começou a melhorar, tomando as medicações propostas pela equipe médica, e recebeu alta. Porém, o alívio durou pouco porque também veio a notícia da intubação do marido, que estava internado no Hospital Santa Rosa.
Por decisão da família, Barranco foi transferido para o Incor, em São Paulo, acompanhado pelo irmão, que é médico. A família tinha recebido boas indicações da unidade de saúde, especializada em transplantes, mas que, durante a pandemia, virou referência para covid também.
Daí em diante, a apreensão e o medo tomaram conta da família Barranco. Os filhos, que também haviam testado positivo, passaram pela doença bem, com sintomas leves. Porém o deputado correu sério risco de morte.
Foto: Assessoria
80 dias de tensão
De alta da covid-19, Roseli estava inteiramente ligada ao marido, em São Paulo, e também ao trabalho, já que havia assumido, há pouco tempo, a coordenação de Saúde Bucal em Cuiabá, somando forças à gestão do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB).
“Foi difícil conciliar o trabalho e as minhas aflições. Nesse período, conseguia fazer algumas visitas ao meu marido, de 1h, só nos finais de semana. Tinha crises de choro”, relata Roseli.
“Foram mais de 40 dias de UTI e semi-intensivo. Quando Valdir foi para a enfermaria, pude ficar com ele, que só aceitava a mim de acompanhante. Ele é um pedaço de mim, e um não fica sem o outro.É muito companheirismo, ele preza muito pela família, são muitos anos juntos, bate um medo de perder um ao outro”, declara-se.
Quando acordou, o deputado conta, com emoção, que o rosto da esposa foi o primeiro que lhe veio à mente.
Intercorrências
Quando o deputado foi extubado, ficou acordado quatro dias, mas não melhorava. Roseli relata que decidiram intubá-lo novamente. “Arruinava e melhorava, foram várias intercorrências. Já estava na enfermaria e voltou para o semi-intensivo, teve pneumonia, com muitos tremores e febre, tratou com antibiótico fortes”, detalha a esposa.
O emocional do deputado também se fragilizou. O deputado sentia muitas saudades, chorava, tinha a sensação de perda de tempo. “Eu falava: fica tranquilo, não aconteceu nada demais na sua ausência, o cenário é o mesmo”.
A alta
A alta do hospital só veio, segundo Roseli, quando os médicos ficaram seguros, de que isso seria possível.
Barraco saiu do hospital 30 kg mais magro, tendo perdido bastante massa muscular. Em casa, já recuperou 4 kg, por estar se alimentando bem, corado, evoluindo com sucesso, fazendo fisioterapia e tomando ainda corticóides, que fazem o papel de anti-inflamatório para o pulmão.
Já retirou a traqueostomia e consegue falar muito bem. Mas, ainda, usa cilindro de oxigênio à noite, quando a saturação ainda cai, o que não pode ocorrer, porque aumenta pressão arterial e o risco de infarto.
Ao lado da esposa, dos filhos, em casa, no acolhimento do lar, Valdir Barranco se sente, emocionalmente, mais tranquilo. Os filhos acompanham o pai nas tarefas e no que ele precisar.
Assessoria
O deputado demonstra vontade de voltar ao Parlamento, mas, ainda tem um caminho de recuperação a percorrer. Precisa andar e se locomover com mais firmeza e digitar melhor por exemplo, são algumas das atividades que ele, ainda, não consegue desempenhar. A covid-19 ataca o sistema neurológico de alguns pacientes.
Valdir não pode exagerar em nada, diz Roseli, que também, ainda, sente cansaço em uma escada quando sobe mais depressa. Ela relata que o pós-covid também é uma fase delicada e chama atenção da população para necessidade de se prevenir.
“O covid-19 progride bem em muitos casos, mas, quando agrava, a pessoa definha no hospital, seca quando está intubada. Pode afetar o coração, os nervos. O melhor mesmo é prevenir”.
Comorbidades
Roseli não tem comorbidades, mas o marido é hipertenso e se tratava de um quadro de ansiedade e apneia do sono. Os médicos acreditam que isso pode ter influenciado no agravamento do quadro.
Fé
Nos períodos mais duros, a família Barranco diz ter se apegado à fé em Nossa Senhora, confiante que, junto com o empenho médico, as orações de parentes, amigos, correligionários e, até opositores, ajudariam na recuperação.
“Você não tem noção de quantos eleitores mandavam mensagens, são tantas pessoas que a gente nem imaginava. Até a oposição se manifestou, desejando melhoras, porque, quando se trata de uma luta por uma mesma causa [a vida], não tem sentido ser diferente, todos se unem”, declara Roseli, agradecida.
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