Cuiabá, 26 de Abril de 2024

COVID EM MT Sábado, 08 de Agosto de 2020, 17:31 - A | A

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COVID EM MT / SONHOS INTERROMPIDOS

Covid-19 e Gravidez: nove gestantes perderam a vida para a doença em MT

Elloise Guedes
Única News



A morte de mulheres grávidas em decorrência da Covid-19 vem crescendo cada vez mais no Brasil. Gestantes também fazem parte do grupo de risco do novo coronavírus, assim como as puérperas, que são as mães de recém-nascidos. Segundo pesquisas do Ministério da Saúde, este grupo está mais vulnerável aos efeitos do vírus, por serem mais suscetíveis a infecções em geral. Em Mato Grosso, nove mulheres gestantes já perderam a vida em decorrência da doença e nem puderem conhecer seus bebês. Os dados são da Associação Brasileira de Enfermeiros Obstetras e Neonatais (ABENFO).

Esse número preocupa os profissionais de saúde, que alertam que os cuidados devem ser reforçados durante a gravidez na pandemia. Estudos realizados no início da pandemia de covid-19 indicavam que a população de gestantes e puérperas não parecia apresentar um risco maior de desenvolver sintomas graves da doença em relação à população geral.

Publicações mais recentes, porém, apontam que a gravidez e o pós-parto podem acarretar riscos adicionais que não devem ser minimizados. A explicação é que as mudanças no sistema imunológico garantem que o corpo da mulher não expulse o feto como um “objeto estranho”, mas também têm impacto direto, por exemplo, na resposta imunológica das gestantes a doenças respiratórias, como a Covid-19.

De acordo com a médica obstetra da Unimed Cuiabá, Dra. Fernanda Monteiro Siqueira Juveniz, as gestantes consideradas de alto risco precisam reforçar os cuidados e principalmente a necessidade do acompanhamento presencial.

"Um pré-natal acompanhado de perto é fundamental, principalmente nessa fase de pandemia", disse a médica

"As futuras mamães de alto risco, que são as que apresentam comorbidades como diabetes, hipertensão e doenças autoimunes, necessitam do acompanhamento do obstetra. Um pré-natal acompanhado de perto é fundamental, principalmente nessa fase de pandemia", disse a médica.

Ela destaca a importância do isolamento social e recomenda o uso da máscara de pano, sempre que for necessário sair de casa. "O ideal é evitar sair, mas se precisar vá de máscara. O uso de máscara não é bobagem. Países como República Tcheca e Cingapura controlaram a disseminação do vírus com essa medida", afirma.

Em relação à contaminação vertical, a obstetra relata que, por enquanto, não existem evidências científicas de que o novo coronavírus possa ser transmitido da mãe para o feto ainda no útero ou durante o parto. "Há alguns trabalhos mostrando casos de bebês com dois dias testando positivo [para a covid-19, mas não se sabe exatamente como ocorreu a transmissão, não há dados conclusivos", pondera.

Não há evidencias também de que o leite materno seja contaminado pelo novo coronavírus. Entretanto, de acordo com os conhecimentos adquiridos até agora, as mães que testaram positivo para o vírus e estão com sintomas como falta de ar e febre alta foram indicadas a não amamentar diretamente, para evitar o contato com o bebê. "Nesse caso, elas tiravam o leite e colocavam em copinhos para que outras pessoas, saudáveis, pudessem alimentar o bebê. Não tem vírus no leite. O perigo é contaminar a criança ao tossir e espirrar", explica a ginecologista.

Ainda de acordo com ela, se a mãe tem a covid-19, mas apresenta sintomas leves, pode ela mesma dar o leite ao filho. "Deve colocar a máscara e pode amamentar normalmente", orienta.

“Debate fundamental”, diz Janaina Riva

A deputada estadual Janaina Riva, que está grávida de 36 semanas, vem abordando o tema em suas redes sociais. Durante uma live, a parlamentar explicou que por medo da contaminação, agendou os exames pré-natais em locais sem nenhuma aglomeração e, na data, entrava apenas no momento de fazer o procedimento.

“Não é uma questão de pânico, é prevenção, esse é um esforço necessário de todos nós", disse Janaina Riva

“Esse debate é fundamental, uma vez que, em meio à pandemia, as grávidas não sabem exatamente o que fazer, muitas estão apavoradas e ansiosas, pois temos visto casos de mulheres que perderam o bebê, outras que perderam a vida. Assim como eu, as grávidas têm medo de sair de casa para tudo e as informações muitas vezes não são corretas”, disse Janaina.

Ainda de acordo com Janaina, a higienização nesse momento é fundamental e precisa ter uma atenção especial. Ela aproveitou a oportunidade para pedir às grávidas um cuidado especial quanto às regras de prevenção, entre elas, o uso da máscara e fazer a higiene adequada das mãos usando água e sabão e/ou álcool em gel. “Não é uma questão de pânico, é prevenção, esse é um esforço necessário de todos nós, principalmente das gestantes e suas famílias”, destacou.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT), em Mato Grosso, até essa sexta-feira (7), foram confirmados 285 casos de mulheres gestantes contaminadas com o novo coronavírus. O número de mulheres internadas não foi informado.

Grávidas que morreram pela Covid-19 em MT

Patrícia Albuquerque, moradora de Colíder (a 633 km de Cuiabá), não conseguiu vaga em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Mato Grosso e acabou sendo transferida para Goiânia. A filha dela, Ana Beatriz, nasceu prematura e lutou nove dias para vencer a Covid-19, mas infelizmente, Patrícia não resistiu à doença.

Mariuza Lima, de 41 anos, moradora de Pontes de Lacerda (a 443 km da capital), nem teve a chance de conhecer o bebê, morreu lutando contra a Covid-19 em um leito de UTI.

A dona de casa Solange Ramos, de 39 anos, foi mais uma gestante vítima do novo coronavírus. Ela estava grávida de sete meses e passou por uma cesariana de emergência, depois que seu estado de saúde se agravou por causa da doença. Solange era moradora de Tangará da Serra (a 250 km de Cuiabá).

Jhenyfer Rodrigues, de 29 anos, morreu em decorrência da Covid-19. Ela era moradora de Lucas do Rio Verde (a 332 km da capital), e deixou quatro filhos. A vítima não tinha nenhuma comorbidade. A gravidez tinha seis meses e o bebê também faleceu.

Essas mães e mulheres fazem parte das mais de 200 grávidas vítimas fatais da Covid-19 no Brasil.

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