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BRASIL Sábado, 22 de Janeiro de 2022, 17:57 - A | A

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BRASIL / COMIDA MAIS CARA

Seca e chuva devem pressionar inflação dos alimentos em 2022

G1
Única News



A seca no Sul do país e o excesso de chuvas em partes do Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste geraram perdas na produção agropecuária, estão aumentando os custos no campo e devem pressionar a inflação dos alimentos ao consumidor neste ano.

Os problemas climáticos se estendem desde o fim do ano passado, como resultado do fenômeno La Niña que, em resumo, provoca chuvas fortes no Norte e Nordeste do Brasil e estiagem no Sul.

Os problemas climáticos se estendem desde o fim do ano passado, como resultado do fenômeno La Niña que, em resumo, provoca chuvas fortes no Norte e Nordeste do Brasil e estiagem no Sul.

Por causa desses choques, municípios do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Goiás e Tocantins, por exemplo, chegaram a declarar situação de emergência.

Alguns dos principais impactos, por enquanto, estão nos seguintes grupos de alimentos:

- Milho e soja: a falta de chuva prejudicou o desenvolvimento das plantas, gerando perdas em lavouras do Sul e de parte do Centro-Oeste. Essa situação vem pressionado os preços dos grãos, que já tiveram altas no ano passado por causa da seca.

- Frango: o milho e o farelo de soja compõem a ração das aves e, com alta no valor dos grãos, os custos do setor estão aumentando. O preço do frango já subiu em 2021 por causa desse motivo e, segundo produtores, os custos atuais podem ser repassados ao consumidor nos próximos meses.

- Feijão: a seca provocou queda na produção de lavouras do Paraná, principal produtor do grão no país. Com isso, houve aumento do valor da saca no atacado, que também pode se refletir no varejo. As chuvas também geraram perdas no interior de Minas Gerais e Bahia, segundo a associação do setor.

- Arroz: apesar de impactos pontuais no Rio Grande do Sul, onde há a maior produção de arroz no, ainda não há estimativas oficiais de quebra de safra por causa da seca e nem de aumento de preços. A qualidade do cereal, porém, pode cair.

- Leite: a falta de chuvas está prejudicando a qualidade das pastagens e aumentou os gastos com a ração das vacas. Por outro lado, produtores estão com dificuldades de repassar custos para o consumidor, pois queda no poder de compra do brasileiro reduziu a demanda por lácteos.

- Carne bovina: a seca está atrasando a engorda a pasto no Sul e sustentando as cotações do boi em patamares elevados no campo. Por outro lado, especialistas dizem que é provável que esses custos não cheguem ao consumidor, pois o varejo não consegue mais absorver altas no preço desta proteína, que disparou em 2020 e seguiu em alta em 2021.

Perdas em milho e soja

As lavouras de soja e milho do Sul e de parte do Centro-Oeste são, até o momento, as que mais tiveram perdas por causa da seca. A falta de chuvas desde o final do ano passado prejudicou o desenvolvimento das plantas e, consequentemente, reduziu a produção de muitas fazendas.

No Sul, tem propriedade que já está indo para o segundo ou terceiro ano consecutivo de queda na colheita por causa de estiagem, conta o analista de grãos Lucilio Alves, do Centro de Estudos em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP).

O cenário mais crítico é o do milho. A produção já foi menor em 2021 em função da seca e os produtores esperavam que a safra de verão – colhida no primeiro trimestre do ano – pudesse ocorrer dentro da normalidade.

Cenário para soja

Já o cenário para soja é mais favorável. Mesmo com problemas na produção do Sul, a estimativa de colheita de 140,5 milhões é recorde. "Não vai faltar soja para exportação, não vai faltar soja para atender mercado doméstico", diz Iglesias.

Por outro lado, ele destaca que o excesso de chuvas em partes do Nordeste e Sudeste estão dificuldades logísticas.

"As chuvas deixaram estradas do Tocantins e de Minas Gerais destruídas. Então, há uma dificuldade de escoar a produção de soja neste momento, tanto que está atrasando a entrega deste produto no mercado interno", diz Iglesias.Com o clima adverso, porém, os agricultores vão colher 14,5% menos que o previsto em dezembro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A safra é estimada em 28,7 milhões de toneladas e representa praticamente uma estabilidade (+0,3%) em relação à colheita de verão da temporada anterior.

"O cenário é complicado porque a safra de verão é tradicionalmente menor e essa quebra acentuou a dificuldade de abastecimento, que já era esperada para o primeiro semestre. Tanto é que o preço da saca de milho já superou R$ 100 em algumas praças. No Sul, já não se encontra saca por menos deste valor", diz o analista da consultoria Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias.

O setor, porém, espera recompor perdas com a entrada da segunda safra de milho, a partir de maio, que é bem maior e representa cerca de 75% da produção nacional do grão. Somando as três safras de milho do ano, o Brasil deve colher 112,9 milhões de toneladas, 29,7% mais que no ciclo passado.

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