Cuiabá, 25 de Abril de 2024

SAÚDE E BEM ESTAR Quinta-feira, 14 de Maio de 2020, 11:58 - A | A

14 de Maio de 2020, 11h:58 - A | A

SAÚDE E BEM ESTAR / EFEITO COVID-19

Como melhorar o sono de crianças e adolescentes durante o isolamento social

G1



Rafael Vinhal, psiquiatra da infância e membro da Associação Brasileira do Sono, afirma que tem observado um aumento das queixas de insônia entre os seus pacientes desde o início do isolamento social e suspensão das aulas, medidas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde, OMS, para conter a transmissão do novo coronavírus.

“A pandemia trouxe uma confusão para as crianças e adolescentes entre o que é férias escolares e o que são medidas de mitigação da Covid-19, como o isolamento social”, afirma Vinhal.
“Não ter horários rígidos e regulares de acordar, tomar café da manhã, estudar, almoçar, brincar e dormir, além de ter maior tempo de uso de tela [celular]”, segundo o psiquiatra infantil, tem feito com que as crianças "durmam cada vez mais tarde e acordem ainda mais tarde, próximo ao horário do almoço. Ou seja, atrasam o horário de dormir e o sono”.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) alerta que a pandemia do novo coronavírus pode levar o estresse das crianças e adolescentes a níveis prejudiciais à saúde no curto, médio e longo prazo - como atraso de desenvolvimento, depressão, medos, irritabilidade, transtorno de ansiedade e distúrbios do sono.

“Situações de adversidades determinam a resposta fisiológica de elevação dos hormônios do estresse na infância, como o cortisol e adrenalina, com consequências de sobrecarga do sistema cardiovascular e riscos à construção saudável da arquitetura cerebral das crianças”, informa a SBP no documento “Pais e filhos em confinamento durante a pandemia de COVID-19”, disponível no site da instituição.

Atrasar com frequência o horário de ir para a cama causa o “transtorno do ciclo sono-vigília”, um atraso para a chegada da fase do sono, explica Vinhal.

Apesar de adultos também estarem sofrendo com insônia durante o isolamento social, as crianças podem sofrer mais com o transtorno por já terem dificuldade de dormir

“Aproximadamente 69% das crianças tem problemas de sono pelo menos algumas noites por semana. 33% dos menores de 10 anos acordam pelo menos uma vez por noite e necessitam atenção dos pais ou cuidadores”, aponta Vinhal, explicando que neste momento de estresse e mudança de rotina as crianças precisam ainda mais da ajuda da família para não desenvolverem transtornos do sono.
Vinhal aponta os erros mais frequentes na rotina das crianças neste momento de isolamento:

Falta de horários fixos para realizar as principais tarefas do dia: acordar, tomar café da manhã, estudar, almoçar, brincar e dormir
Deixar as crianças passarem muitas horas por dia utilizando TV, tablet, computador, celular, videogame e outras telas (exceto em caso de realização de atividades escolares)
Uso excessivo das telas e eletrônicos no período da noite
Levar o celular ou outro eletrônico para o quarto
Colocar as crianças para dormir cada vez mais tarde e, consequentemente, deixá-las acordar ainda mais tarde
Deixar as crianças dormirem até o horário próximo ao almoço
Permitir doces e refrigerante na parte da noite
Deixar de organizar atividades físicas diárias dentro de casa aos pequenos
Sem telas a noite
Vinhal lembra que a OMS recomenda que crianças maiores de 5 anos não devem gastar mais que duas horas na frente de telas (embora muitos pais compreensivelmente tenham flexibilizado esse limite ao conciliar, por exemplo, home office e cuidar das crianças). Na parte da noite, esses eletrônicos devem ser evitados por completo.

"A utilização de eletrônicos no período da noite inibe o hormônio do sono, chamado melatonina, e ativa o cérebro. Como consequência, as crianças atrasam a fase do sono e têm maior dificuldade para dormir ou iniciar o sono", explica Vinhal.
O médico explica que, se uma criança costuma dormir às 20:30 horas, por exemplo, "após às 18 horas ela não deve mais fazer uso de eletrônicos."

A alimentação e o sono
Vinhal recomenda que alimentos que contenham cafeína, como açúcar e algumas bebidas, assim doces, sucos artificiais, frituras e refrigerantes não devem ser consumidos à noite pelas crianças.

"Já alimentos ricos em carboidratos e triptofano, como por exemplo o leite, desde que com moderação, podem favorecer o sono da criança", indica o psiquiatra especialista em sono.

O triptofano é um aminoácido que ajuda na produção da serotonina, hormônio relacionado com o sono. São alimentos ricos em triptofano:

Ovo
Leite e derivados do leite
Castanhas, amendoim e nozes
Arroz integral
Carne de peixe e ave
Medo e pesadelos
Além dos hábitos pouco regrados neste momento, a especialista em medicina do sono e editora da revista científica Sleep Science, Isabela Antunes Ishikura, lembra que a pandemia do novo coronavírus pode causar insegurança, medo e ansiedade não somente nos adultos, mas também nas crianças.

“A mudança na rotina e o excesso de informações da pandemia podem desencadear ansiedade e medo nas crianças, mas com a diferença de que a situação nem sempre está expressamente clara para a criança. Isso pode desencadear os pesadelos e a insônia”, afirma Ishikura.
A especialista explica que a ansiedade e pensamentos negativos na hora de dormir estão diretamente relacionados com a insônia. Por isso, no período da noite, os pais devem dar mais atenção aos filhos, se programando para ficar com eles e fazerem juntos alguma atividade prazerosa, como um jogo.

Além disso, Ishikura indica que, duas horas antes do horário de dormir, os pais devem evitar que os filhos entrem em contato com notícias preocupantes ou informações que não consigam compreender sobre o momento.

 

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