Cuiabá, 26 de Abril de 2024

POLÍTICA Segunda-feira, 02 de Março de 2020, 10:30 - A | A

02 de Março de 2020, 10h:30 - A | A

POLÍTICA / "MENSALINHO"

Silval Barbosa depõe à Câmara de Cuiabá, cita Blairo Maggi e conta como começou extorsão

Euziany Teodoro
Única News



O ex-governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, compareceu à Câmara de Vereadores de Cuiabá na manhã desta segunda-feira (2) e relatou como teve início um dos principais esquemas de corrupção do Estado: a extorsão que deputados estaduais fizeram para receber comissões de recursos das obras da Copa do Mundo de 2014 e do programa MT Integrado.

Como deputado estadual, Silval diz que sabia de outros esquemas que já aconteciam desde o governo de Dante de Oliveira (já falecido), passando pelo ex-governador e ex-ministro Blairo Maggi (PP), indo até 2015. Mais de 20 anos de esquemas de corrupção envolvendo Executivo, Assembleia Legislativa, Tribunal de Contas do Estado e outros órgãos.

Barbosa chegou a citar que ele próprio e Maggi fecharam acordo com o ex-secretário de Fazenda, Éder Moraes, no valor de R$ 6 milhões, depois que este tentou um acordo de colaboração e começou a “entregar” esquemas de corrupção envolvendo deputados estaduais.

“Isso era sistêmico, tanto que Éder Moraes iniciou uma colaboração com o Ministério Público Estadual e prestou mais de quatro depoimentos longos, degravados e com fitas, vídeos e tudo, já relatando, na época, parte de tudo isso que falamos na nossa colaboração, como acontecia. Lá na frente, ele mesmo achou melhor parar com a colaboração e fazer um acordo comigo e com Blairo Maggi, pedindo R$ 6 milhões para falar que aquilo ali não era verdade”, contou Barbosa.

Câmara de Cuiabá

Silval Barbosa na Câmara de Cuiabá

 

O ex-governador está na Câmara como colaborador em investigação contra o prefeito de Cuiabá, que é acusado de receber parte da propina que era paga a vários deputados estaduais, dividida em 12 vezes de 50 mil para a maioria, a título de "Mensalinho".

Barbosa conta que tudo começou em 2012, quando “virou um inferno a administração”. Foi neste período que o Estado passou a receber os recursos para as obras e, a partir daí, segundo ele, “começou extorsão para todo lado”.

“Em 2012, quando começou a sair o dinheiro das obras, foi quando começou o inferno da administração. Extorsão pra todo lado: Assembleia, Tribunal de Contas. O ex-deputado Daltinho (Adalto de Freitas – então suplente de deputado), gravou uma reunião de como os deputados estavam se organizando para me abordar no Palácio Paiaguás para me pressionar e ter parte de comissão desses recursos que estavam sendo liberados para execução das obras. Ele gravou com o intuito de pressionar a Mesa Diretora, chantagear a Mesa para que, se ele não ficasse como titular, denunciaria. Essa é a história verdadeira”.

O ex-governador comentou a colaboração premiada do ex-deputado José Riva, homologada na semana passada pelo Tribunal de Justiça e que, segundo ele, virá ratificar tudo o que ele mesmo tem dito em seus processos.

“Como eu sempre disse para as autoridades, participei de praticamente todos os acordos e os que eram cumpridos quando eu ainda era deputado, mas quem tinha os detalhes maiores era o deputado José Riva. Se ele realmente firmou esse acordo, poderá dar contribuição maior a esse parlamento”, disse.

A delação de Silval Barbosa traz o nome de pelo menos 24 deputados estaduais que receberam propina no período. O então chefe de gabinete de Silval, Sílvio Correia, que também já esteve na Câmara de Cuiabá, gravou vídeos dos parlamentares recebendo a propina e os entregou à Justiça, a fim de comprovar suas declarações.

“Lamento muito de chegar onde chegamos. Hoje a gente vê tanta coisa acontecendo. Esse sistema acontece na maioria das instituições públicas, infelizmente, e não para. Quando eu, depois de muita reflexão, tomei a decisão de fazer a colaboração, fiz no intuito de colaborar, que pelo menos fosse pedagógico, que pudesse contribuir de alguma forma naquele momento”.

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