Ari Miranda
Única News
Investigações da Polícia Federal apontaram suspeita de irregularidades e possíveis crimes em pelo menos 14 processos sob a responsabilidade do Superior Tribunal de Justiça (STJ), alguns deles ligados à morte do advogado Roberto Zampieri (56), executado a tiros em dezembro de 2023 em frente ao seu escritório, no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá.
As investigações sobre a morte do jurista revelaram a existência de um esquema de venda de sentenças, envolvendo desembargadores dos Tribunais de Justiça de Mato Grosso (TJMT) e Mato Grosso do Sul (TJMS), além de servidores do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Conforme o delegado de Polícia Federal, Marco Bontempo, não está descartado o envolvimento de ministros no esquema, que era coordenado pelo empresário e lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, preso no dia 26 de novembro em Cuiabá, durante a operação Sisamnes, da PF, que investigou os crimes de organização criminosa, corrupção, exploração de prestígio e violação de sigilo funcional.
Até o momento, apenas o lobista está preso. Além disso, outros cinco servidores de gabinetes do STJ foram afastados de suas funções.
(Foto: Divulgação)

A INVESTIGAÇÃO
De acordo com a PF, a investigação teve como base a análise feita pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de diálogos extraídos do celular de Roberto Zampieri, com Andreson e também os desembargadores João Ferreira Filho e Sebastião Moraes Filho, que acabaram afastados de suas funções pelo Conselho em 1º de Agosto de 2024 pelo fato, que revelou a proximidade deles com o jurista assassinado, bem como o recebimento de “presentes” de alto valor para julgar favoráveis as causas de Zampieri na Corte Estadual.
No STJ, a investigação está centrada em processos nos gabinetes das ministras Isabel Gallotti, Nancy Andrighi e o ministro Og Fernandes, que até o momento não estão sendo investigados pela PF, uma vez que as suspeitas até então recaem apenas sobre servidores que atuavam nos respectivos gabinetes dos ministros.
A Polícia Federal segue com as investigações e não descarta a hipótese de envolvimento dos três ministros no esquema, bem como de outros servidores do Tribunal.
Procurado pelo UOL, o STJ não se pronunciou sobre o caso.
Reprodução

O instrutor de tiro Hedilerson Barbosa e o pedreiro Antonio Gomes da Silva, intermediador e executor do advogado Roberto Zamperi. No detalhe, a arma usada no crime.
O ASSASSINATO
Roberto Zampieri foi assassinado as 19h51 do dia 5 de dezembro de 2023, em frente ao seu escritório, no bairro Bosque da Saúde, região nobre de Cuiabá, no momento em que se preparava para ir embora para casa.
O jurista foi alvejado com 10 disparos de pistola 9 mm dentro de sua picape, uma Fiat Toro, pelo pedreiro Antônio Gomes da Silva (56), preso dias depois do crime na cidade de Santa Luzia (MG), região metropolitana de Belo Horizonte.
Além do pistoleiro, também foram presos na Capital mineira o instrutor de tiro Hedilerson Barbosa Fialho, intermediário do crime que emprestou a arma que matou Zampieri; e o financiador do assassinato, o coronel do Exército Brasileiro, Etevaldo Caçadini Vargas.
As prisões foram decretadas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais (NIPO) da Comarca de Cuiabá, com base nas investigações conduzidas pela equipe da Delegacia de Homicídios e Proteção à pessoa (DHPP) da Capital.
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