Christinny dos Santos
Única News
Lívia Moreira Gomes Nery, filha de Renato Nery, advogado e ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil — Seccional Mato Grosso (OAB-MT), executado em julho deste ano em Cuiabá, falou sobre o de sair de casa após o assassinato do pai. Orientada pela Polícia Civil a tomar cuidado e não circular pela cidade, ela questiona quem está atrás da família e pede por justiça.
Renato Gomes Nery foi baleado na no dia 05 de julho deste ano, em frente ao seu escritório, localizado na Av. Fenando Corrêa da Costa, na Capital. Pelo menos um de sete disparos atingiu a cabeça do advogado, que chegou a ser socorrido e passar por cirurgia, mas morreu no dia seguinte ao atentado.
Quatro meses após o caso, a Polícia Civil continua investigando a execução. Na última semana, cinco foram presos por envolvimento na morte: três advogados e um casal de empresários.
Lívia conta que, desde o assassinato, não podia sair de carro, andar pela cidade e teve medo até mesmo de mandar seu filho para a escola. Sem saber quem está por trás do crime, ela não sabia se ele voltaria vivo.
"Eu tenho um filho de 4 anos e nos primeiros dias eu não queria deixar ele ir nem para a escola, quando eu olhava ele eu não sabia se ele ia voltar para casa vivo porque [os policiais] não deixavam a gente andar de carro, não deixavam a gente circular. A própria polícia orientou: 'cuidado com vocês'. Que cuidado? Cuidado com o quê? Quem está atrás de nós?", questionou Lívia ao falar sobre o sofrimento, em entrevista exclusiva a TVCA.
Lívia pede por justiça e espera que depois de tudo, ela e sua família possam voltar a levar uma vida normal outra vez.
"A gente espera que seja feita a justiça, a gente espera algum posicionamento. A gente espera que a nossa vida de alguma forma seja normal", disse Lívia.
Investigações
Dezoito dias antes de ser executado, Nery procurou a OAB e registrou uma denúncia contra Antonio João de Carvalho Junior, colega de profissão e um dos alvos da Operação Office Crime, por um suposto “conluio” envolvendo também outros profissionais. Nesse processo, Renato acusou o colega de se apropriar e negociar uma área de 2.579 hectares, que ele havia recebido como honorários de uma de reintegração de posse de uma terra de 12.413 hectares, localizada no leste do estado.
Nery advogou no caso em 1988 e, desde então, lutava para obter a parte da terra a que tinha direito.
Em 30 de julho deste ano, 24 dias após a morte de Renato, a DHPP cumpriu três mandados de busca e apreensão nas cidades de Guarantã do Norte (708 km de Cuiabá), Cuiabá e Várzea Grande, para colher informações que contribuíram com as investigações. Já em setembro, foi realizada uma perícia complementar, para auxiliar na identificação do pistoleiro que executou o crime.
Além disso, o inquérito sobre a morte do advogado Roberto Zampieri foi compartilhado o delegado Bruno Abreu Magalhães, que investiga a morte de Nery para encontrar possível semelhanças nos casos e indicar se existe, ou não, relação entre os dois. Advogados especialistas em litígio sobre propriedades rurais, os dois foram executados com apenas sete meses de diferença.
Ainda em julho, o delegado de Polícia Civil, Bruno Abreu Magalhães, responsável pela investigação da execução, adiantou ao Única News que a principal linha de investigação do crime já era a disputa de terras. Ao deflagrar a Operação Office Crime, as autoridades confirmaram que a motivação foi a disputa por terras no município de Novo São Joaquim.
Operação
A Operação Office Crime para cumpriu cinco mandados de busca e apreensão contra os advogados: Antonio João de Carvalho Junior, Agnaldo Bezerra Bonfim e Gaylussac Dantas de Araujo; e o casal de empresários: Cesar Jorge Sechi Julinere Goulart Bastos.
Durante as investigações, a Polícia Civil descobriu que um “escritório do crime” foi criado por advogados ligados à disputa judicial para encomendar a execução. Os mandados contra os advogados, que atuavam no mesmo escritório, foram cumpridos em Cuiabá, e contra o casal de empresários em Primavera do Leste.
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