(Foto: Arquivo Pessoal)
A adolescente B.O.C., que matou acidentalmente a melhor amiga, Isabele Guimarães Ramos, de 14 anos, no domingo (12) em um condomínio de luxo, em Cuiabá, disse em depoimento à Polícia Civil na terça (14), que o disparo aconteceu enquanto ela guardava a arma – uma pistola 380 – a pedido do pai, o empresário Marcelo Martins Cestari, de 46 anos, que é atirador esportivo.
O depoimento da menor teve a duração de três horas e ocorreu na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Marcelo também foi ouvido pela polícia. No total, foram 7h de depoimentos.
No dia do incidente, foram encontradas sete armas na residência do empresário. Marcelo chegou a ser preso por não ter a documentação de duas armas, mas foi liberado após pagar fiança de R$ 1 mil.
De acordo com o advogado da família Cestari, a arma que fez o disparo acidental pertence ao sogro da jovem que fez o tiro acidental. A prisão de Marcelo ocorreu justamente porque ele não tinha documentos dessa pistola, que não é dele.
Bastante emocionada, a adolescente relatou ao delegado que Isabele era sua melhor amiga e que era comum a presença da jovem na casa dela. Elas tinham o costume de dormir na casa uma da outra.
No dia em que Isabele morreu, Marcelo estava na parte inferior da casa e pediu para que a filha guardasse a arma no andar superior, onde estava Isabele. A adolescente pegou o case – uma maleta onde estavam duas armas – e subiu, obedecendo ao pai. Apesar de estar guardada, a arma estava carregada.
Ela subiu e chamou Isabele, que estava no banheiro. Nesse momento, o case caiu no chão e abriu. Uma das armas caiu e ela foi pegar. Com uma das mãos, segurou o case e com a outra, pegou a arma. Ela perdeu o equilíbrio entre segurar a arma e o case e a pistola disparou.
Havia outras pessoas da família na casa e todas subiram ao escutar o disparo. Segundo a menor, o pai foi quem prestou socorro à vítima, sendo orientado pelos atendentes do Samu. Como eram vizinhos, o empresário disse para chamar a mãe de Isabele, que logo chegou à residência.
Junto com a menor e a mãe dela, elas foram pedir ajuda a um médico, que também mora no condomínio. Questionada se lembrava de ter apertado o gatilho quando pegou a arma do chão, a adolescente diz que não se recorda, mas acredita que pode ter acionado.
Ela afirmou ainda que o disparo foi acidental e que nunca houve e nem poderia conceber a ideia de tirar a vida da melhor amiga.
A garota negou que brincava com a arma ou que tentou mostrar o objeto para Isabele. A arma, a cápsula e o projétil disparados foram apreendidos e passarão por perícia.
Isabele foi atingida por um único disparo que atingiu a região do nariz e saiu pela nuca.
O delegado responsável pelo caso, Olímpio da Cunha Fernandes Júnior, disse que ainda não tem todas as respostas e outras testemunhas serão ouvidas. As investigações continuam.