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Quinta-feira, 02 de Julho de 2020, 14h:09

Da corrida ao ar livre à academia: como minimizar o desconforto ao treinar com máscara

VOGUE

(Foto: Getty Images)

Com a flexibilização da quarentena, mais cedo ou mais tarde as academias de ginástica voltarão a abrir em todo o Brasil (por enquanto, essa é uma realidade em algumas cidades de Minas Gerais e da Região Sul), e um dos pontos que mais gera dúvida entre os alunos é uso das máscaras faciais, preconizado pelas entidades da saúde, incluindo a OMS, para reduzir a possibilidade de propagação da Covid-19.

Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE), nas localidades onde está decretada a obrigatoriedade do uso de máscara em ambientes públicos e desde que a prática de exercícios físicos ao ar livre e/ou em academias esteja liberada pelo poder executivo, a máscara deve ser usada, até pela necessidade de cumprimento de uma determinação legal. É bom frisar que essa recomendação se estende tanto para quem faz exercícios em locais fechados -- academias de ginástica e estúdios de ioga, pilates e dança --, como caminhada, corrida e bike ao ar livre.

Malhar com máscara é mandatório -- mesmo porque respiramos com mais vigor durante a atividade física e, sem proteção, poderíamos espalhar o vírus numa distância maior do que quando em repouso -- mas não é tarefa das fáceis. “Ela forma uma barreira física entre nossa via respiratória e o ar ambiente, o que dificulta a troca gasosa, oxigênio e gás carbônico. Por isso, é comum que as pessoas sintam desconforto ao usá-la durante o treino, principalmente nas primeiras vezes”, explica Alexandre Evangelista, profissional de educação física e pesquisador que comanda o laboratório da TecFit Academia Sem Peso. Segundo ele, a dificuldade da troca gasosa pode acarretar maior cansaço físico, particularmente em pessoas destreinadas, mesmo durante uma simples caminhada.

A máscara exige também maior esforço dos músculos respiratórios, outro fator que pode incomodar pessoas menos condicionadas. “Já para quem possui um bom condicionamento físico, o uso do acessório não irá interferir de maneira significativa no desempenho”, acredita Alexandre Evangelista. A principal regra para minimizar o desconforto, segundo ele, é revisar a intensidade do treino. “Não se deve ultrapassar 80% da frequência máxima de esforço, porque a partir desse patamar há uma grande concentração de gás carbônico. O CO2 não será dissipado com facilidade por conta da máscara e pode provocar náusea e tontura”, alerta o profissional.

“O uso das máscaras é mais complicado nos exercícios aeróbicos de alta intensidade como a corrida ou ciclismo indoor”, confirma Rodrigo Sangion, CEO da academia Les Cinq Gym, em São Paulo, e atleta fitness. Ele tem testado pessoalmente diferentes tipos

de máscaras em diversos exercícios para orientar os alunos quando for possível reabrir a academia. “Na musculação, não achei tão complicado, já que há um período de descanso entre as séries”, acrescenta Sangion. Segundo ele, as máscaras descartáveis e com maior espaço na região do nariz são as mais confortáveis, enquanto que as de tecido grosso e mais grudadas na face dificultam muito a respiração. Mas, apesar de serem menos práticas do que cirúrgicas descartáveis, as máscaras de tecido quando bem ajustadas são eficientes na proteção, segundos estudos científicos feitos recentemente.

Independentemente do tipo de material e da atividade exercida, as máscaras, de acordo com Alexandre Evangelista, devem ser trocadas a cada 20 minutos, antes de ficarem molhadas, tanto pelo aumento do fluxo de ar como pela transpiração. “Úmidas, elas perdem a efetividade”, alerta o profissional. A troca exige todo o cuidado: ela deve ser retirada pelos elásticos laterais e ser imediatamente colocada num saco de plástico. E as mãos devem ser higienizadas com álcool em gel 70 % entre as trocas. A cada treino, você precisará de duas a três máscaras, no mínimo. É indicado também ter máscaras sobressalentes caso você a manuseie inadequadamente e corra risco de contaminação, já que é comum que o item se descoque durante a atividade física, deixando, por exemplo, o nariz descoberto.

Em resumo, a máscara pode trazer certo desconforto respiratório e alguma perda de rendimento, mas é fundamental para não colocar em risco sua saúde nem de quem está ao seu redor. No entanto, ela pode levar a uma falsa sensação de segurança se não for renovada com frequência, isso sem falar no risco do manuseio inadequado. Além disso, não dispensa outras medidas de segurança, como o distanciamento de 1 a 2 metros, no mínimo, entre os alunos, o uso do álcool gel para higienizar as mãos e a limpeza constante dos equipamentos, entre outras, que estão sendo adotadas pelas academias nos municípios onde já estão liberadas.