Cuiabá, 12 de Maio de 2024

CIDADES Quinta-feira, 02 de Julho de 2020, 10:50 - A | A

02 de Julho de 2020, 10h:50 - A | A

CIDADES / LUTA PELA DIVERSIDADE

Associação de mães repudia crimes de homofobia que marcaram a semana em MT

Elloise Guedes
Única News



Após dois crimes de homofobia marcarem a semana em Mato Grosso, a associação “Mães pela Diversidade MT” publicou uma nota de repúdio em desfavor aos acusados. Os crimes aconteceram na semana do Dia do Orgulho LGBTQIA+, que é comemorado no dia 28 de junho, em todo Brasil.

O primeiro caso registrado foi do defensor público Vinicius Ferrarin Hernandez, que no dia 17 de junho foi alvo de piadas do jornalista e apresentador Welerson Dias. Durante apresentação do programa Olho Vivo, que é transmitido no município de Alta Floresta (a 800 km de Cuiabá), o jornalista imitou o defensor público, que atua na comarca da cidade, fazendo piadas homofóbicas sobre sua orientação sexual e imitando trejeitos que julgou depreciativos.

(Foto: Divulgação)

defensor.Vinicius Hernandez

  Defensor Público Vinicius Ferrarin Hernandez

O jornalista e a emissora estão sendo processados pela Defensoria Pública do Estado, que solicitou indenização de R$ 100 mil por dano moral coletivo contra a comunidade LGBTQI+. De acordo com o defensor que sofreu as ofensas, os ataques por parte da emissora têm ocorrido desde maio deste ano, quando a Defensoria passou a ingressar com ações em favor da soltura de presos da Cadeia Pública durante a pandemia.

O segundo caso foi do jovem João Victor da Silva Pedroso, de 22 anos. Ele foi vítima de homofobia na rodoviária de Lucas do Rio Verde (a 360 km de Cuiabá), no domingo (28), Dia do Orgulho LGBTQI+, por uma mulher que se dizia ser “serva de Deus” e acabou presa pelas ofensas.

(Foto: Arquivo Pessoal)

João Victor

João Victor, 22 anos

João Victor foi vítima de agressão, quando a mulher foi ao guichê dele para comprar uma passagem ao norte do Estado. Ela foi orientada a obedecer ao limite interposto por uma corrente, a fim de evitar a proliferação da Covid-19. A partir daí, ficou agressiva. Durante as agressões, mulher chegou a dizer a ele que estava fazendo aquilo “por obra de Deus”, que a tinha enviado para fazer um extermínio.

Abalado, João Victor terá apoio psicológico para superar o trauma, pois a todo momento a mulher dizia que ia matá-lo. “Eu só pensava na minha vida. Se ela tinha alguma outra forma de me ferir”, disse ele, em entrevista ao Única News.

Na nota, as Mães pela Diversidade MT apontam que a homofobia é “cruel, humilhante, vexatória e perigosa à vida da população LGBTQIA+”.

“Quando um LGBTQI+ é agredido, exposto ao vexame e diminuído nesta sociedade discriminatória e violenta, dói o coração de todas as Mães pela Diversidade que, irmanadas nesta dor, gritam por respeito a seus filhos. Respeitem nossos filhos!”

Veja a nota da Mães pela Diversidade MT na íntegra:

Duas situações vergonhosas, registradas nos últimos dias em Mato Grosso e que tiveram repercussão nacional, mostram como a homofobia pode ser cruel, humilhante, vexatória e perigosa à vida da população LGBTQIA+.

Dia 17 de junho, em Alta Floresta, o apresentador Welerson de Oliveira Dias, da TV Nativa/Record, expôs o defensor público Vinicius Ferrarin, em rede de televisão, ironizando o “jeito gay” dele de ser. Imitou trejeitos, tentou ridicularizá-lo. O evento foi o estopim de uma série de insultos que o apresentador já vinha dirigindo ao defensor. Um absurdo inaceitável, um jornalismo desprezível.

O outro caso aconteceu neste domingo (28), justamente no Dia do Orgulho LGBTQIA+. Uma mulher, identificada como Rosiane Ribeiro, dizendo-se “serva de Deus”, não somente insultou um jovem trabalhar de 23 anos, João Victor da Silva Pedroso, que estava a serviço no guichê da Rodoviária de Lucas do Rio Verde, como também pegou uma barra de ferro e atentou contra ele e os equipamentos do local, pelo simples fato dela ter percebido que ele é homossexual e acreditar que isso é “coisa do diabo”. O impressionante é que ninguém, nenhum dos presentes, interferiu.

Tanto João Victor quanto Vinicius afirmam que nunca se sentiram tão impotentes, sem forças para reagir aos ataques.

Diante disso, a organização não-governamental Mães pela Diversidade MT vem a público repudiar tais ofensivas e se solidarizar com os dois rapazes ofendidos em sua dignidade. Nessa hora, não importa classe social, a homofobia fere e iguala todos.

Mas não, eles não estão sozinhos. Responsáveis por essas vergonhas serão acionados judicialmente e igualmente cobrados socialmente.

Quando um LGBTQI+ é agredido, exposto ao vexame e diminuído nesta sociedade discriminatória e violenta, dói o coração de todas as Mães pela Diversidade que, irmanadas nesta dor, gritam por respeito a seus filhos. Respeitem nossos filhos!

É tempo de extirpar a homofobia de Mato Grosso. Não é vergonha ser quem se é. Amar quem se quer. Construindo um mundo onde todos podem usufruir de direitos e dignidade.

Coordenadora do Mães pela Diversidade MT, Josi Marconi

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