21 de Abril de 2025
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ARTIGOS/UNICANEWS Domingo, 17 de Julho de 2016, 10:32 - A | A

17 de Julho de 2016, 10h:32 - A | A

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Cuiabá dos 300 anos: um passeio no futuro (EM)

Eduardo Mahon



Reprodução / Internet

 

Segunda-feira, dia 08 de abril de 2019. Feriado dos 300 anos de Cuiabá. Meus meninos estão com seis anos. Pego o carro e vou para a Praça Conde de Azambuja. Estaciono na garagem vertical e seguimos a pé. Explico que o antigo Largo do Sebo virou Praça Real pela presença dos primeiros governadores residentes ali, dentre os quais destacou-se o grande Luis de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres. Hoje o lugar é chamado carinhosamente de Praça da Mandioca. Subimos numa das jardineiras. A nossa é apelidada Maria Dimpina e está pintada com violetas na lateral.
O que é jardineira, papai? É um trem que chegou somente agora, respondo lembrando do querido Fernando Tadeu de Miranda Borges. Quando todos se posicionam nos bancos, nosso guia distribui um folder com o roteiro, baseado na obra do imortal Rubens de Mendonça. O clima está agradável. Subimos a Ricardo Franco. As placas instaladas nas esquinas indicam que Ricardo Franco foi um destacado militar na Guerra do Paraguai, assim como Antônio Maria, o cuiabano que ajudou na retomada de Corumbá no dia 13 de junho de 1867.
Os casarões estão todos restaurados. Indico aos meus filhos dois particularmente importantes: no primeiro, morou o Marechal Deodoro da Fonseca, afastado do Rio de Janeiro por ordem do Imperador Dom Pedro II, por temer o movimento republicano que eclodia entre os militares; o segundo, do então Coronel Floriano Peixoto, destacado para Mato Grosso, antes de virar o segundo Presidente da República. Damos a volta no Palácio Presidencial e explico às crianças que, no meu tempo, era uma prefeitura feia que foi recuperada no mesmo estilo de 1819, quando o brigadeiro Jerônimo Joaquim Nunes tomou para si como sede do governo. Na fachada, estão as três bandeiras hasteadas nos mastros e, posicionados à frente, recebem cumprimentos o prefeito e o governador do Estado, animados pela fanfarra do Colégio Estadual Liu Arruda, novo nome do antigo Presidente Médici.
Olha lá Júlio Campos. Está firme! Damos a volta e entramos pela atual Rua Barão de Melgaço. Descemos na Casa de Bem Bem, onde há o Centro Cultural de Arte Contemporânea Antonio Sodré. Paramos no casarão da Academia de Letras e do Instituto Histórico, completando 100 anos de fundação pelo então Presidente Dom Aquino Correa. Explico que ali foi residência do francês Auguste Leverger, casado como uma cuiabana e presidente da província por 5 vezes. O casarão foi erguido em 1775 e até hoje está de pé. Papai já foi presidente daqui - disse para eles. Você está ficando velho, hein, papai! Na esquina, aponto para o Solar dos Muller, totalmente recuperado para visitação. Vamos adiante... A jardineira vai devagar e consigo mostrar à frente o Campo D’Ourique, completamente restaurado, com um grande monumento à rusga, um movimento nativista contra os portugueses que controlavam as finanças da cidade em 1834.
Paramos. O prédio atrás do centro geodésico da América do Sul virou museu, o Museu Marechal Cândido Rondon. Podemos aprender que, naquele tempo, havia touradas que foram iniciadas na atual Praça Ipiranga e, a seguir, foram transferidos para o Campo. Por isso mesmo, a rua se chamava originalmente Rua do Campo. Contornamos o quarteirão e descemos pela Isac Póvoas. Isso mesmo: enfim, um prefeito decente consertou o nome do ex-administrador cuiabano. Isac Póvoas, um grande intelectual que pertenceu à Academia Mato-grossense de Letras, nunca se escreveu Isaac. Viramos na 13 de junho, antiga Rua Bela do Juiz.
Aos meus filhos, lembro do querido Prof. Aníbal Alencastro e suas histórias, nas quais conta que ali morava uma linda moça pela qual um juiz de fora apaixonou-se e acabou fugido. Chegamos ao Porto e, em frente ao antigo Arsenal de Guerra, levo as crianças para um lanche na Praça Jejé de Oya, um espaço aberto construído especialmente para shows de música. Há uma grande exposição no Salão Aline Figueiredo. Podemos apreciar os quadros de Ricardo Dicke, Valmir Leite e de Moacyr de Freitas. Podemos comprar algumas gravuras para emoldurar. Lanche feito, ouvimos o maestro Habel dy Anjos reger o Conjunto Musical Sinjão Capilé, com os chorinhos de Zulmira Canavarros. Damos a volta e passamos pelo antigo Grupo Escolar Senador Azeredo, carinhosamente apelidado de Peixe Frito, uma das principais escolas cuiabanas, assim como o colégio dos padres, o Asilo Santa Rita, o Liceu Cuyabano Ana Maria de Arruda Muller e a Escola Modelo. Voltamos à Praça Conde de Azambuja. Papai, por que tem esse nome.?, um deles me pergunta. É que foi uma homenagem ao primeiro governador-geral, Rolim de Moura, 2o Vice-Rei do Brasil.
De uma monitora treinada, recebemos um catálogo com todas as indicações dos casarões restaurados no quadrilátero histórico, prontos para consulta virtual, quando chegar em casa, assim como uma “agenda cuiabana”, calendário de datas especiais realizado com base na obra do grande Estevão de Mendonça. Está na hora de ir almoçar. Saímos direto para comer um pacu assado com farofa de banana. Onde? No Centro Gastronômico de Tradições Cuiabanas Elza Biancardini, é claro! À noite, vai ter missa. Vamos ao Largo do Rosário, onde fizeram o Marco Zero de Cuiabá. Haverá teatrinho. Todo mundo vai gostar...

 

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