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POLÍCIA Quarta-feira, 09 de Agosto de 2017, 11:55 - A | A

09 de Agosto de 2017, 11h:55 - A | A

POLÍCIA / POLÍCIA CIVIL

Cinco são indiciados por morte de fazendeiros e advogado em 2016

Da Redação



(Foto: PJC-MT)

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A Polícia Civil indiciou cinco pessoas envolvidas no desaparecimento e morte de dois fazendeiros, um vaqueiro e um advogado, ocorridos em 2016. As investigações sobre o caso foram concluídas pela Diretoria de Inteligência da Polícia Civil, junto com a Delegacia de Chapada dos Guimarães (67 km ao Centro-Sul de Cuiabá). O inquérito policial foi encaminhado ao Poder Judiciário de Mato Grosso, em 1º de agosto.

 

Pelos quatro homicídios, foram indiciados os executores Mário da Silva Neto e Thiago Augusto Falcão de Oliveira. Ambos tiveram a prisão temporária convertida em preventiva em 28 de julho de 2017 e, além dos assassinatos, vão responder ainda por subtração de bens e veículos pertencentes às vítimas, ocultação e destruição de cadáver, falsificação de documentos e associação criminosa.

 

Os suspeitos estão envolvidos na trama que levou ao assassinato dos fazendeiros Tirço Bueno Prado e o filho Joneslei Bueno Prado, em 9 de maio de 2016. No início da investigação sobre o desaparecimento dos fazendeiros, a Polícia Civil chegou a trabalhar com a hipótese de que os fazendeiros Tirço Bueno Prado e Joneslei Bueno Prado, pai e filho, tinham assassinado o vaqueiro Claudinei Pinto Maciel e um advogado.

 

Os dois estavam desaparecidos desde 09 de maio de 2016, da fazenda Sapopema, em Planalto da Serra, e a ausência de testemunhas e o desconhecimento dos autores do crime reforçavam a suposição.

 

O assassinato do advogado, Sílvio Ricardo Viana Moro, também, a princípio, não havia qualquer relação com os fatos investigados na fazenda. Mesmo porque o corpo dele ainda não tinha sido identificado. Na ocasião da morte, o advogado possuía uma caminhonete Amarok preta, que ficou na posse de Mário da Silva Neto que, juntamente com Thiago Augusto Falcão de Oliveira, é apontado como executor do assassinato do advogado, do vaqueiro e dos fazendeiros.

 

Dias após a morte de Sílvio, os criminosos confeccionaram o contrato de arrendamento com a assinatura falsificada do fazendeiro Tirço Bueno Prado, dando a entender que a “firma” foi reconhecida em cartório na cidade de Rondonópolis (215 km ao Sul de Cuiabá). O documento transmitia a posse da fazenda, do veículo, do maquinário e do gado.

 

No contrato, os executores Mário da Silva Neto e Thiago Augusto Falcão de Oliveira, que possuem passagens criminais por homicídios, não aparecem como arrendatários, justamente para não despertar atenção da Polícia. Foi utilizado como “laranja” João Edgar da Gama, colocado no contrato como o arrendatário.

 

O estelionatário, Rodinei Nunes Frazão, assinou na condição de testemunha, assim como Evangelista Matias Sales, que era funcionário de Mário Neto e membro do grupo criminoso. Na ocasião da assinatura no cartório, em Campo Verde, a Polícia Civil conseguiu imagens do circuito de segurança, restando evidenciado que Rodinei, João Edgar e Thiago estavam presentes. Foi também verificado que Rodinei chegou dirigindo a Hilux  branca, subtraída da Fazenda Sapopema.

 

Com o contrato de arrendamento, Mário Neto e Rodinei contrataram serviço de frete para retirada de maquinários da Fazenda (um trator, uma grade, colheitadeira e um pulverizador), assim como foi contratada uma “tropa” para retirada das cabeças de gado. Tudo foi acompanhado no local por Thiago e Evangelista.

 

No dia 16 de junho de 2016, quando estavam na fazenda reunindo o gado para o carregamento, a tropa foi surpreendida pela ex-mulher do senhor Tirço Prado, Cleusa Prado, e por um amigo da família, morador de Primavera do Leste. Diante do desaparecimento do ex-marido e do filho, a mulher veio do estado do Paraná para verificar a situação da fazenda.

 

Para justificar serviço na propriedade, Thiago apresentou o contrato com a assinatura falsa, o que foi logo identificado pela mulher como fraude. O fato foi levado para a investigação da Polícia Civil e, no dia seguinte, policiais civis já sabendo do maquinário subtraído, conseguiram apreender os objetos na cidade de Campo Verde.

 

Assim, a família retomou a posse da fazenda e promoveu o arrendamento para produtores residentes em Primavera do Leste, regularizando a situação.

 

A falsificação do contrato de arrendamento, confirmada oficialmente pelo Cartório de Rondonópolis, reforçou a  convicção da Polícia Civil de que os fazendeiros estavam mortos. Todavia, o suspeito Mário Neto até então não havia aparecido na investigação e ainda não se tinha a identificação de Thiago. O estelionatário, Rodinei Nunes, era a única pessoa mencionada, e aparecia como testemunha no contrato.

 

As testemunhas foram instruídas a jogarem a responsabilidade da fazenda sobre o advogado Sílvio, que já estava morto e decapitado na região de Bom Jardim, desviando o foco da investigação. Os fazendeiros continuavam desaparecidos.

 

No curso da investigação, a Justiça expediu mandado de prisão temporária contra Rodinei Nunes Frazão, que somente foi localizado e preso em março de 2017. No período da prisão, 30 dias, após uma série de entrevistas e técnicas de interrogatórios, conduzidas pelos policiais da Diretoria de Inteligência, o suspeito passou a colaborar com a investigação. Ele contou o que realmente havia ocorrido na fazenda, bem como levantou a hipótese de que o cadáver encontrado na região de Bom Jardim pertencesse a Sílvio.

 

“O momento mais importante da investigação foi a prisão do Rodinei. A partir de uma  série de entrevistas, de diligências de campos e ferramentas de investigação utilizadas, visando comprovar a relação existente entre os suspeitos, confirmamos que realmente eles estavam nos locais e datas em que os crimes ocorreram”, disse o delegado Luiz Henrique de Oliveira, coordenador de Inteligência da Polícia Civil.  

 

Também foi possível comprovar que os suspeitos subtraíram e ficaram com os bens pertencentes às vítimas, inclusive, a camionete VW Amarok, pertencente ao advogado. Em julho de 2017, a Polícia Civil representou pela prisão temporária de Mario da Silva Neto, Thiago Augusto Falcão de Oliveira, apontados como executores das quatro mortes, e de Evangelista Matias Sales, além de mais três pessoas que tinham ocultado a verdade quando ouvidas no ano de 2016.

 

Finalizada a fase de coleta de provas e depoimentos, ocorreu a vinculação completa de Mário Neto e Thiago Augusto aos homicídios dos fazendeiros e do vaqueiro, com informação segura também a respeito do assassinato do advogado, Sílvio Ricardo Viana Moro.

 

Pelos quatro homicídios, foram indiciados os executores Mário da Silva Neto e Thiago Augusto Falcão de Oliveira. Ambos tiveram a prisão temporária convertida em preventiva em 28 de julho de 2017 e, além dos assassinatos, vão responder ainda por subtração de bens e veículos pertencentes às vítimas, ocultação e destruição de cadáver, falsificação de documentos e associação criminosa. Estes últimos crimes também foram atribuídos a Rodinei Nunes Frazão, de 48 anos, Evangelista Matias Sales e João Edgar da Gama.

 

“A equipe que trabalhou nesse caso é de policiais muito experientes, mas todos se impressionaram com o caráter hediondo das mortes”, salientou o delegado Luiz Henrique.

 

Trabalho especializado

 

Na investigação da Polícia Judiciária Civil (PJC), a Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) teve papel fundamental na elucidação das mortes dos fazendeiros, vaqueiro e do advogado. A Politec esteve na fazenda Sapopema e confeccionou o laudo de constatação de crime, recolhendo material biológico, vestígios e outras evidências.

 

Quase um ano depois, em fevereiro de 2017, peões que trabalhavam às margens do Rio “Mata Grande”, próximo a Fazenda Sapopema, encontraram dentro do rio, preso a algumas pedras, um saco com ossos, com sinais de carbonização.

 

Em minuciosa análise da Politec, foi verificada uma perfuração indicativa de projétil de arma de fogo no crânio, reforçando a tese de que os fazendeiros foram assassinados, cada qual com um tiro na cabeça. O trabalho de extração de DNA para identificação da ossada está em andamento e será divulgado assim que for finalizado.

 

Os peritos também promoveram a coleta de material junto aos parentes do advogado Sílvio Moro, residentes em Votuporanga (SP). O laudo de identificação foi apresentado no dia 20 de julho de 2017, com resultado positivo, ficando categoricamente demonstrado que o corpo decapitado encontrado em Bom Jardim é mesmo do advogado.

 

A Politec também realizou análise laboratorial de um pedaço de tecido e um espeto de churrasco, encontrados na cena do crime, ambos com vestígios de sangue. Apesar da degradação ambiental gerada nas amostras, os peritos, brilhantemente, conseguiram extrair moléculas de DNA para confrontação com o material fornecido pelos parentes do fazendeiro Prado.

 

O resultado obtido pela Politec comprovou que o sangue encontrado no espeto pertence à Joneslei Prado, enquanto o sangue encontrado no pedaço de tecido pertence à Tirço Prado. As perícias anexadas ao inquérito policial foram realizadas por seis peritos, cada um dentro de sua especialidade. Um dos departamentos da Politec, o Laboratório de Perícias em Biologia Molecular, conseguiu a identificação de três das vítimas do crime complexo.

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