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Terça-feira, 16 de Julho de 2019, 16h:06

Zaqueu é primeiro a depor e diz que Taques pediu para gravar pessoas que ‘atrapalhavam’

Fernanda Nazário
Única News

(Foto: Reprodução/Web)

O ex-comandante da PM, coronel Zaqueu Barbosa, o ex-secretário-chefe da Casa Militar, coronel Evandro Alexandre Ferraz Lesco, e o cabo da PM Gerson Correa são reinterrogados, na tarde desta terça-feira (16), pelo juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara Militar de Cuiabá, na ação que investiga a participação dos militares em esquema de interceptações clandestinas.

No início da audiência, o advogado do cabo Gerson, Neyman Monteiro, pediu para que ele fosse interrogado primeiro. O pedido foi negado pelo promotor de Justiça Vinícius Gahyva, do Ministério Público Estadual (MPE), que alegou que, conforme determina a Legislação Militar, o policial com maior patente deve depor primeiro.

Gahyva aproveitou o momento para esclarecer que o não acolhimento de uma delação premiada dos militares, revelada pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional Mato Grosso, Leonardo Campos, não significa que os fatos delatados não serão investigados.

“O que o procurador de justiça do Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco), do Ministério Público Estadual (MPE) [Domingos Sávio] entendeu que a suposta colaboração não se enquadrava aos requisitos para que eles tivessem os benefícios da lei diante do caso concreto, porque a referência de qualquer conduta seja de terceiros ou quem for em nada repercute no objeto da acusação, a qual esses militares respondem”, disse o promotor.

Diante disso, Gahyva pediu para que os réus se atentem somente aos fatos ligados aos crimes militares e não a questões alheias ao processo. As defesas dos réus rebateram o promotor, alegando que os militares têm direito a ampla defesa, podendo então citar tudo que envolve o caso.

Após os embates, Zaqueu começa seu depoimento relatando como foram as reuniões com o ex-governador Pedro Taques e com o ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques. Ele conta que em agosto de 2014 foi procurado, em sua residência, por apoiadores políticos de Pedro para auxilia-los nos no que podia ser feito sobre crimes comuns na eleição.

Depois, segundo o PM, os primos taques o procuraram pessoalmente, em um domingo à noite. “Pediram para mim se tinha como ouvir algumas pessoas que estavam atrapalhando a reta final da campanha eleitoral”, neste período, Pedro Taques era candidato ao cargo de Governador.

Em um segundo encontro com os Taques, Zaqueu narra que foi cobrado sobre um posicionamento a respeito do pedido de interceptações. Sem responder o pedido, ele disse que tinha placas de computador para interceptações vindas de Cáceres, mas não tinha dinheiro para colocá-las em funcionamento. Nesse momento, Paulo e Pedro pediram para o cononel fazer o orçamento.

“Fui uma grande oportunidade da Policia Militar [...] tendo um equipamento para sanar a instituição, que era o que eu queria, em primeiro plano, com um suporte financeiro, e esse suporte viria da parte do interessado que tinha outros interesses”, conta Zaqueu.