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Quarta-feira, 13 de Março de 2019, 09h:58

Coronel Evandro Lesco pede reinterrogatório ao Tribunal de Justiça

Euziany Teodoro
Única News

Foto: (Reprodução/Web)

O coronel militar Evandro Lesco, ex-chefe da Casa Militar quando foi desbaratado esquema de escutas telefônicas ilegais, que ficou conhecido como a “Grampolândia Pantaneira”, pediu, na tarde desta terça-feira (13), que seja reinterrogado pelo Tribunal de Justiça.

Lesco e outros quatro militares, os coronéis Zaqueu Barbosa e Ronelson Barros, além do tenente–coronel Januário Batista e o cabo da PM, Gerson Corrêa Junior, serão julgados nos dias 20, 21 e 22 deste mês, pelo juiz Marcos Faleiros e o Conselho Especial, da 11ª Vara Especializada da Justiça Militar. Eles respondem por ação ilícita, falsificação de documento, falsidade ideológica e prevaricação.

Um novo interrogatório de Evandro Lesco, apontado como um dos chefes do esquema de escutas no sistema “barriga de aluguel”, pode levar a uma reviravolta no caso, nas vésperas do julgamento.

O esquema de arapongagem foi denunciado pelo promotor de Justiça Mauro Zaque, que comandou a Secretaria de Segurança Pública em 2015. Zaque realizou a denúncia à Procuradoria-Geral da República, afirmando que havia alertado o governador Pedro Taques sobre a existência de um “escritório clandestino de espionagem” por meio de dois ofícios.

O esquema

O esquema liderado pelo grupo veio à tona em 2017, por interceptação de políticos, jornalistas e advogados, entre 2014 e 2017. Os militares foram presos na época, mas atualmente cumprem medidas de prisão domiciliar com monitoramento de tornozeleira eletrônica.

Os réus e testemunhas prestaram inúmeros depoimentos em audiências para o magistrado, quando o cabo Gerson confessou ter participado do esquema e revelou nomes de outros envolvidos, inclusive do ex-governador Pedro Taques (PSDB).

Ele depôs dizendo que Taques e o primo, ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, seriam os “donos” do esquema “barriga de aluguel”, em que é pedido à Justiça a interceptação de telefones de pessoas que não são investigadas, nesse caso, junto com integrantes de uma quadrilha de tráfico de drogas.

Em seguida, o ministro do Superior Tribunal de Justiça, Mauro Campbell, determinou o desmembramento do Inquérito que investiga a participação do tucano. No entanto, com a perda do cargo de governador nas eleições 2018, o processo já voltou para o Tribunal de Justiça de Mato Grosso.

Barriga de aluguel

As investigações apontaram que os membros da Polícia Militar aproveitaram uma investigação relacionada ao tráfico de drogas na região de Cáceres (a 250 km de Cuiabá), para inserir números telefônicos de políticos adversários ao governo, médicos, advogados, parlamentares, jornalistas, servidores públicos e até desembargador aposentado de Mato Grosso, em um pedido de quebra de sigilo.

O requerimento para as interceptações teria sido encaminhado ao MPE, que por sua vez formalizou a solicitação à Justiça estadual. A autorização teria partido do juiz Jorge Alexandre Martins Ferreira, que não teria tido conhecimento de que nem todos os números relacionados pela PM estavam relacionados com o crime tratado no processo.