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Segunda-feira, 03 de Dezembro de 2018, 10h:27

"Achei que iria morrer ali", conta o piloto que sobreviveu em meio à selva por 4 dias

Claryssa Amorim

(Foto: Reprodução)

piloto vivo

 

 

A história do piloto Maicon Semencio Esteves, de 27 anos, que sobreviveu em meio à selva amazônica durante quatro dias, após a queda do avião em Mato Grosso, foi contada pelo programa Fantástico, nesse domingo (2). Ainda internado no Hospital 13 de Maio, em Sorriso (a 420 km de Cuiabá), ele contou em detalhes como foram os dias em meio a mata sobrevivendo apenas de água e biscoito: “achei que iria morrer ali”.

 

O acidente aconteceu no dia 3 de novembro e foi encontrado debilitado às margens de um rio com queimaduras no dia 7 de novembro. Ele estava inchado e com formigas pelo rosto.

 

À reportagem, o piloto disse que logo que o avião agrícola caiu, conseguiu se soltar do cinto e sair da aeronave com rosto e braços queimados, antes de uma possível explosão. Ele contou que ainda no ar, ao perceber que iria cair, entrou em desespero e gritava “Meu Deus, eu vou cair”.

 

Maicon disse que saiu de Porto Nacional (TO) e parou no município de Mato Grosso, Confresa (a 1.160 km da capital) para abastecer. No caminho para Matupá (MT), o motor esquentou e ele resolveu pousar emergencialmente na pista de uma fazenda.

 

“Eu falei no telefone com meu patrão, iria esperar o motor esfriar e conforme fosse, iria dar uma voada em cima da fazenda. Fiz tudo isso e não aconteceu nada”, relatou.

 

Em seguida, ele decolou em direção à Alta Floresta, onde foi contratado para trabalhar. Mas, depois de uma hora da decolagem, quando o avião sobrevoava o município de Peixoto de Azevedo (a 692 km de Cuiabá), o motor esquentou novamente. Maicon diz que ainda não entende a queda, pois os tanques estavam cheios e a aeronave é devidamente regularizada.

 

Após a queda do avião, funcionários de uma fazenda, próximo a queda, se mobilizaram e foram as buscas de tripulantes que poderiam estar vivos. Depois de uma hora andando na mata, os funcionários acharam o avião e gritaram: “Achemos, gente, o avião. Ô Deus. Oi? Alguém vivo? Por favor, responda”.

 

Porém, ninguém respondeu. Maicon já tinha saído a busca de ajuda. Segundo o piloto, a ideia dele foi de ver pelo celular e uma bússola, um local para pedir ajuda. Em um aplicativo que mostrava o mapa da região, apontava um rio que dava em uma ponte e decidiu seguir a pé pelo rio, já que pela mata seria mais difícil, devido a muitos galhos e bichos.

 

“No rio, tinha hora que era muita pedra, depois muita areia, momentos que era fundo o rio”, relatou.

 

(Foto: Arquivo pessoal)

piloto agradecendo

 

Foram dois dias andando pelo rio durante o dia e descansando a noite. Bebia só água do rio. Pensei em comer folha para ter forças, mas tinha medo de fazer algum mal para o estômago e seria pior.

 

Sem encontrar a ponte, Maicon resolveu voltar para o local da queda do avião. No quarto dia, em certo momento, ele parou às margens do rio para descansar e não conseguiu levantar mais de fraqueza.

 

“Eu pedia para Deus pelo menos alguns anos de vida para eu poder ver a minha filha e comecei a gritar socorro, quando escutei uma pessoa gritando e percebi que não era alucinação minha”, disse.

 

Ele foi socorrido pelos funcionários de fazendas da região que se mobilizaram nas buscas pelo piloto. Maicon teve queimaduras, infecções e insuficiência renal. Antes da queda, ele pesava 105 kg, mas depois de quatro dias sem comer, ele passou para 116 kg, devido aos inchaços das queimaduras.

 

(Foto: Arquivo Pessoal)

piloto

 

Maicon passou por três cirurgias plástica nas mãos, rosto e tórax e continua internado em recuperação.

 

Dezenove dias depois de ser resgatado,  Maicon teve alta da UTI no dia 26 de novembro e continua se recuperando no Hospital 13 de Maio em Sorriso.

 

“Agradeço a todos que se comoveram, oraram por mim, pediram pela minha saúde, muito obrigada. Teve tanta gente que eu nunca conversei na vida e se comoveu, fez uma oração”, disse o piloto.

 

Clique aqui e veja o vídeo da reportagem.