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Sexta-feira, 23 de Novembro de 2018, 14h:16

Por que é importante aprender a aprender

Cérebro continua produzindo neurônios e capacidade de expandir conhecimentos não se esgota na velhice

Por Mariza Tavares

A plataforma Coursera tem cursos para todos os perfis e gostos: de ciência da computação a desenvolvimento pessoal; de finanças a psicologia. No entanto, o campeão de acessos, com direito a legendas e conteúdo traduzidos para o português, chama-se “Aprendendo a aprender”. Mais de 2 milhões de alunos já passaram por esses bancos escolares virtuais e aconselho todos a fazer, porque é útil em qualquer idade, mas principalmente quando se é mais velho e se duvida da própria capacidade de assimilar coisas novas. Além disso, não é preciso mexer na carteira – é grátis, a menos que se queira pagar 29 dólares (pouco mais de R$ 100) para ter acesso a determinadas tarefas e receber um certificado. A duração é de quatro semanas e cada um estabelece seu próprio ritmo para assistir aos vídeos, ler os textos e fazer os exercícios.

 

(Foto: Divulgação)

barbara

Barbara Oakley, professora do curso de engenharia da Oakland University.

 

No primeiro módulo, três lições para chacoalhar quem está no modo apático e sedentário. A primeira é que o cérebro continua produzindo neurônios ao longo da vida que são capazes de formar novas conexões, o que atende pelo nome de plasticidade neuronal. Portanto, a capacidade de aprendizado não se esgota na maturidade. O que temos que fazer é criar condições para que isso ocorra e não é preciso ter repertório prévio sobre uma área – trata-se de um estado mental aberto para absorver o conhecimento.

 

Barbara Oakley, professora no curso de engenharia da Oakland University, ensina que pensamos de duas formas: num padrão com foco e em outro difuso. Quando lidamos com informações que conhecemos, usamos o padrão focado, no qual nos concentramos deliberadamente; no entanto, quando estamos às voltas com algo desconhecido, precisamos acionar também o padrão difuso, que está relacionado à criação de novas conexões neurais. É como se o cérebro se alternasse entre esses dois modos para ir processando e absorvendo as informações.

 

Para chegar ao modo difuso, nada melhor que um estado de relaxamento, que faça com que as ideias possam fluir sem pressão: pode ser durante uma caminhada ou corrida (aproveite para se exercitar!), debaixo do chuveiro ou durante o sono. Uma boa alternativa é alternar momentos de foco que não sejam muito longos com outros relaxantes, e um timer pode ajudar quem tem dificuldades para gerenciar o tempo. A técnica de Pomodoro foi inventada na década de 1980 e consiste num cronômetro que estabelece um tempo de 25 minutos de foco seguido de um período de relaxamento.

 

A segunda lição diz respeito à memória, que depois de uma certa idade parece virar inimiga da maioria das pessoas. Quando aprendemos algo novo, é importante praticar para fortalecer as estruturas neurais – só assim conseguimos transferir esse conhecimento para nossa memória de longo prazo. Entretanto, essa prática deve ser rotineira, isto é, vai funcionar se você dedicar um tempo a ela diariamente. Exatamente como numa academia: ninguém fortalece os músculos da noite para o dia. Por fim, a terceira lição é sobre a importância do sono. Dormir não é uma perda de tempo: ajuda a eliminar as toxinas do cérebro, melhora nossa memória e nossa habilidade para aprender.