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Quinta-feira, 08 de Novembro de 2018, 10h:37

'Mensalinho' da Alerj movimentou ao menos R$ 54 milhões: 'Propinolândia', diz procurador

Parte da verba saiu de sobrepreço de contratos do esquema chefiado pelo ex-governador Sérgio Cabral. Operação cumpre 22 mandados de prisão, 10 deles contra deputados estaduais.

Por Henrique Coelho, G1 Rio

 

(Foto: Reprodução)

Alguns dos alvos da Operação Furna da Onça: Affonso Monnerat, André Correa, Chiquinho da Mangueira, Coronel Jairo, Edson Albertassi, Jorge Picciani; Leonardo Jacob, Luiz Martins, Marcelo Simão, Marcos Abrahão, Marcus Vinícius Neskau, Paulo Melo e Vinícius Farah.

 

O esquema de compra e venda de votos na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) movimentou ao menos R$ 54 milhões, segundo informou o superintendente da Polícia Federal, Ricardo Saadi. A declaração foi dada em entrevista coletiva nesta quinta-feira (8), após a deflagração da Operação Furna da Onça, que investiga um suposto "mensalinho" na Alerj.

 

 

A investida cumpriu, até as 11h, 20 de 22 mandados de prisão - dez dos quais, contra deputados estaduais fluminenses, cinco deles reeleitos. “A prisão temporária foi decretada e não será submetida à Alerj”, destacou Carlos Aguiar, do MPF.

 

 

Também foi alvo da operação o secretário estadual de Governo, Affonso Monnerat, apontado como o canal entre Alerj e Palácio Guanabara. Estão foragidos o presidente do Detran, Leonardo Jacob, e seu antecessor, Vinícius Farah.

 

Alguns dos alvos são:

 

  • Affonso Monnerat, secretário estadual de Governo, preso;

 

  • André Correa (DEM), deputado estadual reeleito e ex-secretário estadual de Meio Ambiente, preso;

 

  • Chiquinho da Mangueira (PSC), deputado estadual reeleito e presidente da escola de samba, preso;

 

  • Coronel Jairo (MDB), deputado estadual não reeleito, preso;

 

  • Edson Albertassi (MDB), deputado afastado - já preso em Bangu;

 

  • Jorge Picciani (MDB), deputado afastado - já em prisão domiciliar;

 

  • Leonardo Jacob, presidente do Detran, foragido;

 

  • Luiz Martins (PDT), deputado estadual reeleito, preso;

 

  • Marcelo Simão (PP), deputado estadual não reeleito, preso;

 

  • Marcos Abrahão (Avante), deputado estadual reeleito, preso;

 

  • Marcus Vinícius Neskau (PTB), deputado estadual reeleito, preso;

 

  • Paulo Melo (MDB), deputado afastado - já preso em Bangu;

 

  • Vinícius Farah (MDB), ex-presidente do Detran, eleito deputado federal, foragido.

 

Sobrepreço de contratos

 

De acordo com as investigações, a organização criminosa, chefiada pelo ex-governador Sérgio Cabral, pagava propina a vários deputados estaduais, a fim de que patrocinassem interesses do grupo criminoso na Alerj. Loteamento de cargos no Detran era outra forma de "agrado". A força-tarefa afirma que o esquema continuou mesmo após as operações do ano passado.

 

“Estima-se que o valor desviado e pago em propina seja de, pelo menos, R$ 54,5 milhões, dos quais uma parte foi financiada pelo sobrepreço de alguns contratos”, afirmou Ricardo Saadi, superintendente da Polícia Federal.

 

Procurador-regional da República, Carlos Aguiar explicou que cargos públicos foram dados como moeda de troca, e citou “propinolândia” na Alerj?.

 

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“As investigações demonstraram que esses personagens lotearam o estado do Rio de Janeiro para viabilizar a execução dos seus interesses políticos. Alerj se tornou propinolândia.”

'Incontrolável'

 

Delegada da PF, Xênia Soares afirmou que o montante dos pagamentos indevidos cresceu tanto que foi preciso "terceirizá-los". “Esses pagamentos eram feitos pelos irmãos Chebar", conta Xênia. No segundo mandato de Sérgio Cabral, eles não conseguiram administrar a quantidade de valores que tramitavam. Então, terceirizavam o serviço de movimentação do dinheiro da organização criminosa que eram dados por ordem de Carlos Miranda para os doleiros Juca e Toni", detalha.

 

Affonso Henrique Monnerat, secretário de Pezão, é o personagem que faria o canal entre os deputados e o Executivo no esquema. Segundo o procurador Carlos Aguiar, "Não há indícios de que o atual governador esteja envolvido nos pagamentos".

 

"Parte do dinheiro vinha do doleiro Álvaro Novis e era passado pela Fetranspor aos presidentes da Alerj. Outra parte vinha do dinheiro de obras feitas pela Odebrecht no Estado", disse Xênia Soares.