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Terça-feira, 10 de Julho de 2018, 09h:44

Corregedoria deve investigar policiais encapuzados que agrediram advogado

Claryssa Amorim

(Foto: reprodução)

ADVOGADO SAMU5.jpg

 

Um procedimento interno será aberto pela Corregedoria Geral da Polícia Civil para investigar a atuação dos policiais da Gerência de Operações Especiais (GOE), que prenderam os advogados Dyego Nunes e Luciano Carvalho, após um deles atropelar um homem, na noite de sexta-feira. 

 

Dyego atropelou Martiniano Cabral, de 54 anos, e fugiu do local sem prestar socorro, no bairro CPA 4, em Cuiabá. A vítima foi encaminhada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Morada do Ouro. Além de Martiniano, outras duas pessoas foram atingidas pelo carro, porém, não tiveram ferimentos. 

 

A documentação relativa ao caso foi entregue, na tarde desta segunda-feira (9), para o corregedor geral, delegado Jesset Arilson Munhoz de Lima, e deve ser investigado. No processo, estão anexados boletins de ocorrência registrado pelos policiais da Delegacia de Delitos de Trânsito (Deletran) e do GOE.

 

 

Segundo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), os policiais que atenderam o caso, invadiram a residência de Dyego e ainda agrediram Luciano, por estar realizando seu trabalho. Para a polícia, Luciano informou que estava fazendo o seu trabalho ao defender Dyego.

 

Colegas de profissão do Luciano, disseram que os policiais se irritaram com Luciano ao fazer seu trabalho de defender o cliente e bateram no advogado. Eles o acompanharam o colega ao ser encaminhado para a delegacia e divulgaram vídeos e protestaram sobre o ocorrido. 

 

No vídeo mostra que Luciano precisou ser levado ao Pronto Socorro de Cuiabá pelo Serviço de Atendimto Móvel de Urgência (Samu), após passar mal ao chegar na delegacia.

 

Já conforme o GOE e a Deletran, Luciano tentou impedir o trabalho da polícia, alegando que não se trata de flagrante delito.

 

No local do acidente, a polícia ouviu relatos dos moradores da região, que se aglomeraram e os mesmos informaram que um veículo descia a avenida sentido bairro em alta velocidade. As testemunhas ainda informaram a placa do veículo Ford Fiesta Sedan. 

 

Os policiais foram até a residência do advogado e Luciano atendeu os policiais impedindo a prisão de Luciano. A polícia informou ainda que Luciano soltou um cachorro, da raça Pitbull, que avançou contra os policiais. Para apoio a prisão, a equipe da Deletran acionou o GOE, que entraram na residência e prenderam Dyego.

 

Conforme ainda a polícia, Dyego estava visivelmente embriagado, sendo os olhos vermelhos, odor etílico e agressividade, porém, negou fazer o teste de bafômetro e ainda estava com a Carteira de Habilitação Nacional (CNH) vencida e com o licenciamento do veículo atrasado. Com tantas resistências à polícia, Luciano teve a ordem de prisão por atrapalhar os trabalhos da Deletran e do GOE, de acordo com a polícia.

 

A autoridade policial deve colher depoimentos de todos os envolvidos no caso.

 

Comitiva OAB com governador

 

Após prisão do advogado, Luciano Carvalho, por supostamente atrapalhar e obstruir os policiais da Deletran e acabar sendo agredido por policiais, em Cuiabá, levou uma comitiva da OAB em Mato Grosso e da Associação Brasileira de Advogados Criminalistas do Estado, a adotarem todas as providências do que poderá ser considerado 'abuso de autoridade policial'.

 

Em razão da gravidade do caso, o governador Pedro Taques se reunirá com a OAB-MT para discutir a situação. A comitiva também se encontrará com o secretário de Estado de Segurança Pública e o delegado-geral da Polícia Civil nesta próxima segunda-feira (09). 

 

“A OAB-MT não vai se calar frente aos abusos ocorridos. Se o policial que tem por dever proteger a população dispensa um tratamento desses a um advogado que está atendendo seu cliente, imagine o quanto sofre a população? Não vamos generalizar, mas vamos pedir punição exemplar”, destacou o presidente da Ordem, Leonardo Campos.