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Segunda-feira, 25 de Junho de 2018, 14h:08

Bebê índia enterrada viva respira sem ajuda de aparelhos e diálise é suspensa

Elloise Guedes

(Foto: Abelha Táxi Aéreo)

bebe indigena

 

A recém nascida indígena enterrada viva no dia 5 de junho, em Canarana (a 838 km de Cuiabá), ainda encontra-se estável, porém, seu quadro ainda é considerado grave por conta da função renal sem melhoras. De acordo com o boletim médico, divulgado nesta segunda-feira (25), pela direção da Santa Casa de Misericórdia, em Cuiabá, Analu Paluni Kamayaura Trumai, já está respirando sem ajuda dos aparelhos.

 

Conforme a direção do hospital, a dieta de Analu está liberada por sonda e foi suspensa a diálise  peritonial, até sair novos exames laboratoriais. A bebê, que já está a 19 dias internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal da Santa Casa, vem apresentando melhoras.

 

Analu teve complicações decorrentes do tempo em que ficou enterrada - por um período de sete horas -, a recém-nascida acabou inspirando muita terra que passou a circular por todo o seu organismo. Assim, ainda é impossível prever sua recuperação, de acordo com os os médicos e enfermeiros que, no entanto, garantem que estão fazendo tudo que a medicina disponibiliza para que Analu sobreviva e recupere sua saúde.

 

Após ser inicialmente internada no Hospital Regional de Água Boa (a 736 km de Cuiabá), foi transferida às pressas para a capital, por meio de UTI aérea, com helicóptero do governo de Mato Grosso. Na terça-feira (05), quando foi retirada ainda com vida por debaixo da terra, o quadro clínico da bebê, de acordo com os médicos do município era gravíssimo. No dia 6, quando foi transferida para a Santa Casa já foi diagnosticada com insuficiência renal.

 

Dois dias mais tarde  passou por uma cirurgia para passagem de cateter, para fazer diálise peritonial e começou a fazer tratamento de diálise, já que os rins não estariam funcionando. Somente nove dias mais tarde, a bebê começou a reagir, ainda que vagarosamente, assim com estado de gravidade. Mas podendo seu quadro ser declarado estável. 

 

A bebê foi enterrada pela bisavó, com ajuda da avó, Tapoalu Kamayura, de 33 anos, no quintal da casa em que viviam em Canarara (635 km de Cuiabá). Elas cavaram uma cova de 50 centímentros nos fundos da residência, no dia 5 de junho, para enterrar a criança. A mãe da recém-nascida, Maialla Paluni Kamayaura Trumai, de 15 anos, deu à luz por volta de 12h. Depois de cortar o cordão umbilical, a bisavó enrolou a recém-nascida em um pano e a enterrou no quintal. A bisavó foi presa no dia 6 de junho,

 

Vizinhos denunciaram o fato à polícia, que conseguiu resgatar a menina e encaminhá-la para atendimento médico. Aos policiais, a bisavó confessou que teria enterrada a criança porque ela era filha de uma adolescente de 15 anos e o pai estaria com outra mulher. E é tradição da tribo a qual pertencem não aceitar filhos de mães solteiras. A família é da etnia de uma das 19 que vivem no Parque Nacional do Xingu. 

 

A avó da bebê chegou a declarar aos policias que ofereceu chás abortivos à filha adolescente para que a gravidez não prosseguisse, porém não houve efeito e ela com a bisavó da bebê decidiram pelo enterro.

 

Em algumas informações contraditórias, a família indígena chegou a relatar inicialmente que  havia enrolada a bebê em um pano e a enterrado, acreditando que estava morta. Pois a adolescente, mãe da bebê, supostamente deu a luz no banheiro e não teria conseguido segura-la, assim ela caiu no chão. Com isso, a mãe acreditou que a criança teria morrido. 

 

A bisavó, a índia Kutsamin Kamayura, está presa. Após investigações da Polícia Civil, a avó Tapoalu também foi presa no dia 8 de junho, suspeita de participar da ação criminosa. No último dia 11 de junho, o pedido da Funai de revogação da prisão preventiva de Kutsamin foi negado pelo juiz Darwin de Souza Pontes, da 1ª Vara Criminal e Cível do município, sendo o mesmo responsável que decretou a prisão da indígena.

 

O juiz também negou a substituição da prisão preventiva por medidas cautelares. No entanto, autorizou a prisão especial a Kutsamin, por ser índia. Ela ficou presa em uma unidade da Fundação Nacional do índio (Funai), em Gaúcha do Norte (a 595 km de Cuiabá).

 

A bisavó e a avó, já estão usando a tornozeleira eletrônica. A decisão foi do juiz de Canarana, Darwin de Souza Pontes, após receber informações de que as duas índias não foram levadas para uma unidade da Fundação Nacional dos Índios (Funai), mas sim para uma aldeia.