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Sexta-feira, 01 de Junho de 2018, 17h:27

No 3º dia do fim da greve, reabastecimento está longe da normalidade

Claryssa Amorim

(Foto: Divulgação)

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No terceiro dia do fim da paralisação dos caminhoneiros desde frigoríficos, combustíveis, gás de cozinha até transporte de medicamentos e voos nos aeroportos de Mato Grosso, a promessa é que a normalidade, de fato, ocorra até a próxima segunda-feira (4).

 

Pelo menos é o que prometeu nesta última quinta-feira (31), o governador Pedro Taques (PSDB). De acordo com o gestor tucano, o comitê de crise trabalha firmemente e de forma ininterrupta, para minimizar os impactos do desabastecimento em todo o Estado.

 

Apesar da garantia do Estado, nesta sexta-feira (1º), o Sindicato das Indústrias de Frigoríficos do Estado de Mato Grosso (Sindifrigo-MT), informou que as unidades estão voltando parcialmente com os abates, mas a normalidade só será restabelecida a partir de segunda. 

 

Ainda lembrando que pelo menos 29 frigoríficos pararam na última sexta-feira (25), em Mato Grosso, por falta de combustível nos caminhões, para transportar os animais. O diretor-executivo do sindicato, Jovenino Borges, revelou que a única solução encontrada, diante do cenário criado pela greve dos caminhoneiros, foi suspender as atividades.

 

"Nesse período, fomos obrigados a parar. Com isso os abates e escoamentos foram suspensos porque não tinha como buscar os animais. Não tinha como abater os animais, por falta de espaço para armazenar pois, obviamente, e iria acabar estragando", ainda explicou Borges. 

 

O diretor do sindicato disse ainda os frigoríficos encontram dificuldades devido a paralisação de 10 dias, pois causaram grande impacto no setor e os serviços "acabaram se acumulando".

 

"Todos os dias, as atividades nos frigoríficos são intensas. Então, até conseguirmos restaurar os prejuízos, pode demorar alguns dias. Mas, a partir de segunda-feira, começamos a estabelecer a normalidade ", pontuou.

 

Morte de suínos

 

(Foto: Suinobras/Divulgação)

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No dia 23 de maio, a Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat) confirmou a morte de 100 suínos pela falta de ração. Além da constatação de canibalismo entre eles. Com a paralisação dos caminhoneiros, a reposição de ração para os animais ficou suspensa. 

 

As mortes levaram a Ascrimat ingressar com uma liminar na Justiça, solicitando a liberação de caminhões com as rações e o transporte de animais vivos. Após o pedido, caminhões carregados de ração foram escoltados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).

 

Abastecimento combustível

 

(Foto: Thiago Ferreira)

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Na área de abastecimento de combustível pode demorar ao menos cinco dias para voltar ao normal. Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivado de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Sindipetróleo), Aldo Locatelli, os postos de combustível já estão sendo abastecidos. Porém, em alguns municípios o abastecimento ainda está sendo realizado com certa dificuldade.

 

"Agora a normalização depende de cada região, devido à distância. Mas, os que ainda não tem, já estão sendo abastecidos. Para se dizer que qualquer lugar do Estado não esteja com escassez de combustível, estamos trabalhando para restabelecer as atividades e esperamos que que tudo volte a mais absoluta normalidade em um prazo de cinco dias", afirmou Locatelli.

 

Abastecimento no aeroporto

 

(Foto: divulgação)

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Mesmo após três dias do encerramento da greve dos caminhoneiros, as companhias aéreas têm enfrentado dificuldades de abastecer as aeronaves. Na manhã desta sexta-feira (1º), por exemplo, mais de 10 voos foram cancelados por falta de combustível no aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande (região metropolitana de Cuiabá).

 

Da companhia aérea "Azul", 12 voos foram cancelados, devido o desabastecimento no aeroporto, segundo a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).

 

E de acordo com a PRF, na manhã desta sexta, foi escoltada mais de 100 mil litros de combustível até o aeroporto. A Infraero informa que os voos já foram normalizados.

 

Abastecimento gás de cozinha

 

(Foto: divulgação/PRF)

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Nesta sexta-feira, ainda há falta de gás de cozinha nas distribuidoras da capital. Porém, segundo o governo do Estado, um carregamento está vindo de Paulínia (SP), para ser distribuído aos municípios. 

 

Na última segunda-feira (28), caminhões de gás de cozinha precisaram ser escoltados pela PRF e distribuídos na Capital e ainda nas regiões Sul e Norte de Mato Grosso.  O coronel do Corpo de Bombeiros Militar, Alessandro Borges, precisou fazer a escolta, devido a falta de reserva nas empresas revendedoras, pois a carga estava presa na rodovia, trancada pelos caminhoneiros.

 

Abastecimento frutas e verduras

 

(Foto: Divulgação)

ceasa

 

O governo informou que os estoques de produtos alimentícios em Mato Grosso devem ser normalizados ao longo de sete dias, podendo incluir a próxima semana inteira. A Central de Abastecimento de Cuiabá (Ceasa), no Distrito Industrial, ainda sofre com a falta de frutas e verduras.

 

Durante a greve, a Associação de Supermercados de Mato Grosso (Asmat) informou que muitos estabelecimentos ficaram desabastecidos, em um nível crítico de frutas, verduras, legumes e carnes. 

 

Para o diretor do Ceasa, Baltazar Ulrich, não há ainda dados concretos sobre o abastecimento na capital. Já no país as informações dão conta que as centrais de abastecimento estão 90% normalizadas.

 

Com o desabastecimento, os produtos sofreram uma alta de mais de 200% no comércio. A batata, por exemplo, subiu 212% e o tomate 114%, de acordo com a Secretaria Estadual de Agricultura Familiar e Assuntos Fundiários (Seaf). O preço normal da saca de 50 quilos para os feirantes é de R$ 80 e com o desabastecimento subiu para R$ 250. 

 

Medicamentos transportados por helicóptero

 

(Foto: Gcom)

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Na quarta-feira (30), um helicóptero do Exército Brasileiro saiu de Cuiabá com 263 quilos de materiais e medicamentos para abastecer o Hospital Regional de Sinop (a 503 km de Cuiabá). 

 

A medida emergencial foi tomada após o caminhão que estava com a carga ficar preso em bloqueio na rodovia que divide Goiás de Mato Grosso. 

 

“O ponto alto é a sinergia criada entre todas essas instituições que tem nos permitido cumprir as missões, atendendo as necessidades do povo, fazendo os suprimentos chegarem àqueles que estão em situação crítica, e sempre atuando com a legalidade, legitimidade e cordialidade”, disse o comandante Vlademir Tadeu Ferreira, da 13ª Brigada de Infantaria Motorizada.

 

Escoltas

 

(Foto: divulgação/PRF)

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A PRF e o Exército trabalharam em 70 escoltas realizadas durante o período da paralisação. Caminhões com cargas perecíveis e combustível foram escoltados pelos Exército por todo o Estado. 

 

As escoltas foram feitas em função dos caminhões ficarem parados em bloqueios, impedidos de seguir viagem, principalmente na região de Rondonópolis. Na segunda-feira (28), foram escoltados ao menos 12 caminhões de Rondonópolis à Cuiabá.

 

Municípios decretam emergência

 

(Foto: Gcom)

cuiabá

 

No último sábado (26), no oitavo dia da greve dos caminhoneiros, Taques chegou a decretar situação de emergência na capital, devido à falta de combustível em postos.

 

Na segunda-feira (28), o tucano reuniu membros do comitê de crise, para discutir ações para amenizar a escassez que estava no Estado. 

Além da capital, 20 municípios também decretaram situação de emergência como Chapada dos Guimarães; Itanhangá; Mirassol d’Oeste; Sorriso; Tangará da Serra; Água Boa; Campinápolis; Guiratinga; Nova Monte Verde; Nova Nazaré; Nova Olímpia; Paranatinga; Porto Alegre do Norte;  Ribeirãozinho; Santa Cruz do Xingú; Brasnorte; Alto Araguaia; Terra Nova do Norte; Canabrava do Norte; Paranatinga e Porto dos Gaúchos.

 

Fiscalização Procon

 

(Foto: Assessoria/PJC)

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Mesmo com o fim dos protestos, fiscalizações contínuas têm sido realizadas em postos de combustíveis, inclusive no feriado desta última quinta-feira (31) e deve seguir durante todo o final de semana.  

 

Segundo o superintendente do Procon, André Rondon Badini, a fiscalização deverá continuar até a normalização do abastecimento de combustível. Badini pontua que a fiscalização em postos de combustíveis é permanente, porém, durante a paralisação dos caminhoneiros a ação foi intensificada.

 

"Intensificamos a fiscalização, devido os consumidores denunciarem a elevação do preço de combustível sem justa causa. Ou seja, os proprietários de postos estariam aproveitando da situação em que o Brasil estava passando, o que é um absurdo ", disse o superintendente.

 

Ainda conforme Badini, as fiscalizações não são somente sobre os preços abusivos dos combustíveis, mas também a recusa do fornecimento de um produto que possui no estoque.

 

"Recebemos a denúncia também de que alguns postos teriam etanol, mas estavam se recusando a fornecer o produto, para vender outro que tinha um preço mais caro. E se for constatado que o posto possui no estoque o produto, mas não quer fornecer, obviamente, o proprietário será autuado. Recusar a venda de um produto que tem no estoque também é crime", alertou André Badini.

 

Ponto facultativo

 

(Foto: Marcos Vergueiro)

Palácio Paiaguás

 

Na segunda-feira (28), órgãos municipais e estaduais decretaram ponto facultativo, em razão do desabastecimento em todo o Estado.

 

Foi suspenso o expediente nos seguintes: governo de Mato Grosso, Prefeitura de Cuiabá, Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), Tribunal de Justiça (TJ-MT), Tribunal Regional do Trabalho  (TRT). Além das aulas em escolas estaduais e municipais.