Única News - Notícias e Fatos com Credibilidade

Quinta-feira, 31 de Maio de 2018, 14h:03

Vereador tem em quadro de funcionários nome de empresa, mas diz desconhecer

Da Redação

O vereador Abílio Júnior é suspeito de ter envolvimento com a empresa M.S. Arquitetura e Projetos Ltda, que tem sugestivo nome fantasia “Moumer Arquitetura e Urbanismo”, mesmo sobrenome do vereador, sendo Abílio Jacques Brunini Moumer.

 

Figuram como proprietários da empresa o senhor Mardio Silva Júnior, arquiteto, e a senhora Nívea Daniela Velasco, empresária. Porém, chama atenção que a suposta proprietária da empresa sequer sabe onde fica localizado o empreendimento, e nem que o vereador Abílio faça parte de seu quadro funcional.

 

A empresa foi aberta em 17 de maio de 2011, tendo sofrido um alteração simbólica 22 novembro de 2014 e teve o encerramento de suas operações no último dia 16 de abril. O jornal Centro Oeste investigava os sócios por ligação com o vereador Abílio Júnior, depois de receber denúncias de irregularidade.

 

Nívea foi procurada em sua residência para saber mais detalhes sobre seu empreendimento, já que figura como proprietária. A reportagem se deslocou até o bairro Cidade Verde, onde encontrou no local apenas um menino menor de idade, que disse que ela não estava, sendo que logo depois chegou à mãe de Nívea, que assegurou que ela entraria em contato.

 

Um dia após, a suposta proprietária da M. S. Arquitetura entrou em contato com a reportagem, quando foi indagada se realmente era sócia da empresa. Ela confirmou, porém, não soube sequer dizer o endereço que trabalhava no local, disse desconhecer o vereador Abílio Júnior e que quem cuidava da empresa seria o seu primo Mardio, sendo que sua participação na abertura da empresa foi apenas financeira.

 

“Não conheço nenhum Abílio, quem meche com arquitetura é meu primo, o Mardio, eu entrei só com o dinheiro para a gente montar o negócio. Meu primo que mexia com essa parte. Não sei onde ela se localiza, porque assinei os papéis junto, não sei quem trabalha lá, nem sei o nome fantasia dela. Mas vou falar com o meu primo para ele entrar em contato e passar as informações”, afirmou Nívea por telefone, dando a entender claramente que não tem nenhuma ligação direta com o empreendimento, ressaltando que a empresa não deu certo, que apenas pagou encargos e por isso foi fechada.

 

A reportagem também entrou em contato com o vereador Abílio, para confirmar se ele realmente trabalha na Moumer Arquitetura e Urbanismo, nome fantasia da M. S. Arquitetura e Projetos Ltda.

 

Mais uma vez, o despreparo do vereador ficou evidente. Ao ser questionado pela reportagem, mais uma vez usou tom de ameaça, não querendo dar nenhuma informação, apenas se pronunciando após insistência da reportagem, mas sempre fazendo ameaças, inclusive de procurar a polícia.

 

Ao ser questionado se trabalhava na empresa Moumer Arquitetura e Urbanismo, o vereador disse que não chegou a registrar a empresa e que a empresa do senhor Márdio seria outra empresa, contrariando o que está registrado na Junta Comercial do Estado de Mato Grosso.

 

“Não tenho empresa, não registrei. Meu negócio não estava muito bom na época para registrar, e acabei não registrando”, afirmou, e ao ser informado de que constava na página da empresa na internet, reafirmou que a empresa do senhor Márdio seria outro empreendimento.

 

“A do Márdio é outra empresa. Eu não consto do quadro da empresa, você está vendo apenas a questão do Facebook, né? Mas eu não consto”, frisou, esclarecendo que na página do vereador Abílio, no Facebook, consta que ele trabalha nessa empresa.

 

Logo após esses questionamentos, o vereador mudou de atitude e passou usar tom de ameaça contra a reportagem.

 

“Eu tenho um critério de entrevista ficha limpa. Se continuarem a fazer ligações, irei fazer um boletim de ocorrências contra você”, frisou.

 

Logo após, esclareceu que seu nome estaria na página da internet da empresa por ter prestados serviços a mesma. “Já fiz projetos junto com essa empresa há um tempo atrás, mas não nunca fiz parte da sociedade desse empresa, nunca fui sócio dessa empresa, nem sei onde fica”, afirmou, porém, ao ser questionado do endereço da empresa, não soube responder.

 

FUNCIONÁRIA FANTASMA OU LARANJA?

 

Durante as investigações, a reportagem descobriu ainda que a empresária Nívea Daniela Velasco figura nos quadros da Secretaria Municipal de Saúde na diretoria técnica de vigilância em saúde, fato que foi confirmado pelo setor de Recursos Humanos da Secretaria.

 

O fato causou visível surpresa a Nívea, que disse desconhecer essa situação, e que nunca teria recebido nenhum salário pago pela prefeitura, no valor de R$ 1.292,80, já tendo sido contratada há seis meses, ressaltando ainda que trabalha em um hospital particular.

 

Ela informou ainda que realmente tentou uma vaga no setor de vigilância epidemiológica, que fez uma ficha de inscrição, mas que não havia sido contratada.

 

“Eu fiz um contrato, fui na Secretaria Municipal, em busca de uma vaga de emprego. Eles pediram toda minha documentação, mas quando eles chegaram a me ligar para falar a respeito desse emprego, eu já estava trabalhando, eu falei que não ia aceitar, aí falou que estava tudo certo, depois disso não estou sabendo de nada não”, afirmou, dando a entender que seu nome pode ter sido usado como laranja, para que outra pessoa pudesse receber seus salários.

 

Ela admitiu ainda que chegou a assinar alguns contratos, mas que não chegou a trabalhar, e que disseram a ela que o documento seria desconsiderado.

 

“Eu trabalho em particular num hospital, nunca recebi o dinheiro nesses seis meses e não faço idéia de quem está recebendo”, disse Nívea.

 

Ao falar com o vereador Abílio, a reportagem também quis saber se ele tinha conhecimento de que a senhora Nívea figuraria como funcionária da Secretaria Municipal de Saúde. Ele respondeu desconhecer essa pessoa, e que não tinha nenhum relacionamento com ela.

 

(Centro Oeste Popular)