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Terça-feira, 08 de Maio de 2018, 12h:46

Juíza diz que estar no PSL não significa apoiar tudo, mas brigar pelo que acredita

Jessica Moreira e Marisa Batalha

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Durante a Live realizada pelo Site Única News, nesta terça-feira (9), a magistrada aposentada Selma Arruda, pré-candidata ao Senado da República, pelo Partido Social Liberal (PSL), voltou a reafirmar que 'estar no partido não significa apoiar tudo que a legenda propõe ou ainda compartilhar do que alguns de seus correligionários se utilizam como discurso, mas lutar, neste espaço de poder, por aquilo que ela realmente acredita'. 

 

Lembrando que antes de se filiar ao PSL, analisou – com bastante cuidado -, a linha de pensamento de outras siglas, encontrando na legenda que se filiou, diferenciais interessantes, sobretudo, parecidos com o que já compartilha enquanto posições ideológicas, principalmente sobre a questão familiar e as ações de cidadania que já não são mais perpetuadas na sociedade, sobretudo nas escolas. Assim, encontrou no PSL uma oportunidade de lutar mais uma vez – após 32 anos de magistratura – e agora, no âmbito político, para que sejam realizadas pontualmente mudanças nas leis, tornando-as mais claras e eficazes, capazes, inclusive, de punir atos de corrupção no Judiciário como em outras esferas de Poder. 

 

Ainda na entrevista, a juíza aposentada, conhecida no Judicário como ‘uma magistrada de linha dura’, saiu em defesa do deputado federal de seu partido, o presidenciável e polêmico Jair Bolsonaro, após ser questionada se não a incomodava, sobretudo pelo fato de ser uma mulher empoderada, caminhar politicamente ao lado de um presidenciável que possui várias ações por apologia ao estupro, homofobia e racismo.  Após admitir que possui um bom relacionamento com Bolsonaro, lembrou, ainda em defesa do parlamentar, que Bolsonaro é conhecido por ser um ‘homem esquentado, mas longe de ser um homem ruim’.

 

E que após assistir vários vídeos protagonizados por Bolsonaro, teria observado que muitas das críticas e ações que pesam contra o parlamentar são pelo menos 'um uso exagerado do politicamente correto, quando estas ações, claro, acabam se tornando segregacionistas'. 

 

Pontuando, como exemplo, no caso da homofobia, 'a briga que ganhou notoriedade nacional entre ele e o deputado federal, Jean Wyllys (PSOL-RJ), um parlamentar assumido na sua orientação sexual que, no entanto, se utilizou sempre desta condição para revelar que estaria sendo atingido por Bolsonaro, por ser homossexual'. 

 

Na Live, Selma Arruda ainda fez questão de frisar que ao colocar seu nome à disposição da política, estaria pronta a enfrentar quaisquer candidaturas que o partido acreditar que melhor será aproveitada. Assim, está disponível desde o Senado da República, admitindo que é o cargo que mais a atrai, pelas mudanças que poderia realizar na área jurídica, na construção de leis com menos lacunas. Mas que enfrentaria as urnas, caso o PSL queira, ainda como candidata a deputada federal ou mesmo estadual. 

 

“Não tenho vocação para governo. O que eu sempre fiz foi trabalhar com leis, enquanto juíza e como senadora ou deputada poderei contribuir e fazer o que já sei fazer”. 

 

Trajetória 

 

A magistrada que durante anos ficou responsável pela Sétima Vara Criminal de Cuiabá, sempre foi conhecida como linha dura. Ela foi responsável pela prisão do ex-governador, Silval Barbosa, preso 17 de setembro de 2015, na operação Sodoma. E depois pela prisão do ex-presidente da Assembleia Legislativa, José Geraldo Riva, em fevereiro de 2015, na operação Imperador, considerado como um dos políticos mais poderosos de Mato Grosso. 

 

Agora, com sua aposentadoria do Judiciário, se colocou na condição de pré-candidata ao Senado. Mas sempre que tem oportunidade nas entrevistas que realiza, revela que sabe que as ‘regras da política são outras e que o jogo é pesado’ e que está preparada, inclusive, para possíveis ataques e sabe que um possível "comitê da maldade" estaria já planejando coisas para lhe denunciar. 

 

Em abril, a aposentada protocolou um pedido no Tribunal de Justiça de Mato Grosso para a manutenção de seus seguranças, pois mesmo com a saída da 7ª Vara Contra o Crime Organizado da Capital, ela garantiu que continuava recebendo ameaças de morte.

 

Após assinatura de sua aposentadoria pelo presidente do Tribunal de Justiça, o desembargador Rui Ramos, desde o final de março, ela está pronta legalmente para trocar os tribunais pela política. A juíza tinha uma longa carreira de quase 32 anos de serviços prestados à Justiça.