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Quarta-feira, 07 de Fevereiro de 2018, 15h:27

Testemunha não comparece em oitiva na Câmara e vereadores pedem saída de Adevair

Wellyngton Souza

(Foto: Reprodução/Web)

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A primeira oitiva da CPI do Paletó na Câmara dos Vereadores de Cuiabá, nesta quarta (7), foi marcada por trocas de insultos e muitas discussões entre os parlamentares de oposição contra principalmente, Adevair Cabral (PSDB), responsável pela relatoria da Comissão Parlamentar, ainda que seja da base de apoio, na Câmara, do prefeito emedebista, Emanuel Pinheiro.

 

As discussões acirraram porque o servidor da Assembleia Legislativa, Valdecir Cardoso, em tese o primeiro que deveria ser ouvido na CPI, por ser o responsável pela instalação da câmera que flagrou deputados estaduais recebendo e cobrando suposta propina do ex-chefe de gabinete do ex-governador, Silval Barbosa, Silvio Cézar, não compareceu. E, pior, o ofício com a explicação que estaria em viagem com a família, teria ido parar no gabinete de Adevair e não do presidente da Comissão, vereador Marcelo Bussiki (PSB).

 

No ofício, o servidor pede para ser ouvido somente depois do dia 20 de fevereiro. Valdecir foi convocado na condição de testemunha.

 

Mas foi a entrega do documento no gabinete de Adevair que deixou os vereadores de oposição com os nervos à flor da pele. Para se justificar, o parlamentar revelou que o recebimento foi uma confusão feita pela sua secretária, Sandra Regina. “Inclusive pedi para que ela viesse explicar para as pessoas. Não foi o próprio Valdecir que entregou, foi uma outra pessoa. O rapaz tentou entregar no gabinete do presidente, mas ele não estava na Câmara e deixou no meu gabinete”, explicou Adevair.

 

Bussiki por outro lado, rechaçou o colega de Casa, revelando que a ação de Adevair é uma grave irregularidade. O parlamentar ainda negou que o gabinete estivesse indisponível. "Meu gabinete funciona o dia todo, tenho protocolo geral da Câmara. Não é justificativa até porque ele foi intimado. Olha a divergência das assinaturas. Teve prazo razoável para ter encaminhado ofício. O Protocolo Geral é quem recebe os documentos interessados a Câmara".

 

O clima começou a esquentar ainda mais quando os vereadores pediram o afastamento de Cabral da CPI, podendo ainda se tornar alvo na Comissão de Ética. Para alguns membros, a conduta pode ser crime de prevaricação. "Tem procedimento formal e temos que cumprir. Primeiro ele solicitou as reuniões fechadas da CPI e agora recebe documento e não repassa conforme protocolo. Isso está claro que é obstrução da Justiça. A gente não vai deixar que ela tenha cheiro de pizza", afirmou o vereador Felipe Welaton (PV).

 

“Eu não quero acreditar que seja uma manobra da defesa do prefeito para prejudicar a CPI. Se Valdecir tinha essa viagem programada poderia ter informado antes. Ele foi convocado na condição de testemunha, não foi convidado. Ele deve comparecer do mesmo jeito que em um processo criminal”, disse Diego Guimarães (PP), em entrevista à Rádio Vila Real, na manhã desta quarta.

 

Os próximos a serem ouvidos na Câmara é Silvio Cézar no próximo dia 16 e o ex-governador no dia 23. O prefeito de Cuiabá, não foi intimado e com isso não é obrigado a comparecer nas oitivas. Um dos depoimentos mais esperado é do ex-gestor estadual, Silval Barbosa, que na última semana confirmou que irá responder a todos os questionamentos já prestados na delação premiada, homologada em agosto de 2017, pelo ministro Luiz Fux do Supremo Tribunal Federal (STF). 

 

A CPI foi aberta contra o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), à época deputado estadual, que aparece recebendo maços de dinheiro, chegando a esconder parte dele no bolso do paletó - origem que deu nome à investigação.

 

Em sua delação premiada, Silval afirmou que os valores seriam referentes a um mensalinho, pagos a deputados para que não fossem contrárias as contas de governo e que não fiscalizassem as obras que estavam sendo realizadas para a Copa do Mundo de 2014.

 

A CPI é formada pelos vereadores Marcelo Bussiki (PSB), Adevair Cabral (PSDB) e Mário Nadaf (PV), que ocupam os cargos de presidente, relator e membro da comissão, respectivamente. Eles apuram se Emanuel Pinheiro cometeu quebra de decoro e obstrução da Justiça. Ao todo, os membros terão 120 dias para encerrarem as investigações.