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Quarta-feira, 27 de Dezembro de 2017, 07h:00

Contraponto em vez de oposição

            Há algum tempo tive a oportunidade de um encontro com jovens lideranças do partido Rede, em Cuiabá. A ideia era uma conversa mais ou menos sem pauta. O tom da conversa seria dado pelo próprio andamento da conversa. E foi assim mesmo. A abordagem inicial foi a crise política, econômica e ética que o Brasil atravessa. O passo seguinte foi conversar sobre a reconstrução do Brasil via uma nova ética e esta via uma nova política. Mas política significa dizer partidos políticos.

 

            Em se tratando de partidos coube discutir o papel do Rede no contexto. Claro que as discussões caminham segundo as provocações. Que não foram poucas. Na sequência da avaliação dos partidos vieram naturalmente as condenações aos atuais partidos e ao seu comportamento predatório dos recursos públicos e da ética.

            Só essa abordagem já daria discussão de quilômetros. E deu. 

            A certa altura veio a discussão sobre o papel de ser oposição neste momento de transição. Foi quando surgiu a tese do contraponto. Seria o papel da nova oposição nesse mecanismo de reconstrução da política, da ética e dos partidos políticos. 

            O confronto dos últimos anos pela bi-polarização entre esquerda e direita conduzido ao modo tupiniquim, serviu apenas pra destruir diálogos políticos. Tão necessários à democracia.  A se manter a polarização nos próximos anos o Brasil não sairá do atoleiro atual e os partidos políticos continuarão servindo de lata de lixo.

            No lugar do confronto, viria a dialética na sua mais simples fórmula: tese versus antítese, resultando na síntese. Ao contrário de hoje quando tese não fala com a antítese e as duas caminham inimigas e eternamente divergentes. O contraponto seria a simples dialética: uma ideia em discussão frente à outra. Ambas respeitando os seus pontos de convergência e a finalização na síntese que seria o contraponto.

            Contraponto seria, portanto, cooperação intelectual e não divergência burra de pontos de vista radicais baseados em ideologias ou noutras discussões menores que só diminuem de tamanho a política.

            Nosso encontro terminou tarde, e pareceu que a tese do contraponto prevaleceu. Entre lideranças jovens é fácil. Mas no geral, entre lideranças velhas, só Deus sabe quando dará certo. 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

[email protected]    www.onofreribeiro.com.br