(Foto: Internet)
Duas lágrimas escorrem lentamente em meu rosto. Uma, em silêncio, é da dor por causa das muitas mortes na tragédia que se abateu sobre o time de Chapecó e que atingiu o mundo para muito além dos esportes. Esta tragédia nos faz chorar de tristeza!
A outra lágrima escorre tentando gritar de vergonha e indignação e representa uma tragédia tão terrível quanto a primeira. É a lágrima de revolta também. Revolta pela postura da Câmara dos Deputados que transformou em quase desgraça um Projeto nosso, do povo brasileiro, que tentava estancar a corrupção no Brasil. Mais de dois milhões de brasileiros foram despojados de seu direito de propor algo decente em termos de legislação para esta Pátria vilipendiada por politicalhos.
O que os deputados federais (com letras minúsculas mesmo) confirma na prática algo que tenho previsto há muito tempo; se Deus encaminhasse ao Congresso Nacional do Brasil um Projeto para que os brasileiros se tornassem saudáveis e felizes, os parlamentares transformariam esse Projeto divino em uma lei demoníaca.
Não é à toa que qualquer projeto, mesmo que tenha apenas uma página, recebe centenas e até milhares de emendas, transformando em lixo algo que fora pensado e proposto como uma atitude benéfica. Isso, apenas para constar que o parlamentar está trabalhando. Creio que isso é uma forma suspeita de muitos incompetentes tentarem aparecer como pai de algum filho bonito, mas acabam, por ignorância ou má fé, transformando em monstro qualquer coisa. É assim! E tem sido assim!
O parlamento brasileiro conseguiu tornar-se em pra-lamento dos brasileiros. Fazem questão de mostrar que não sabem da existência de sofrimento dos desempregados, dos sem saúde, dos sem escola. Estão de costas para o povo e ignoram que cada malfeito cotidiano que praticam, amarguram a vida de muita gente. Na realidade sabem muito bem disso, mas quem é o povo para essa gente que saqueia o Brasil? Que se dane o povo. Quando a farinha é pouca, meu pirão primeiro. Este parece ser o dístico que ornamenta a bandeira desses senhores despudorados que votam contra a transformação de enriquecimento ilícito em crime. Com certeza desejam enriquecer antes para, só depois, aprovar uma lei que torna crime algo abominável que sempre foi crime em qualquer lugar do Planeta. Ilícito é crime na essência do termo. Nem precisaria ter uma lei para isso. A conduta moral deveria ser a lei maior, maior mesmo do que a Constituição, porque esta foi escrita por muita gente que enriqueceu ilicitamente. Vide o ex-governador do Rio de Janeiro e aquele outro daqui que está atrás das grades.
Criaram uma chicana para se vingarem contra a justiça. O que podemos pensar sobre isso, já que é sabido que o judiciário também tem leis para tal fato? Muitos desses que votaram contra a decência exigida pelo povo, respondem a processos no judiciário, ou seja, boa arte não aprontaram, por isso tem medo e armam barricadas jurídicas para se homiziarem ali em seus tenebrosos lupanares.
Eis, então, duas tragédias ocorridas simultaneamente nesta Pátria amada idolatrada. Salve! Salve! E que Deus nos salve desta gente! AMÉM!
José Pedro Gonçalves é médico e escritor em Cuiabá.
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